terça-feira, 25 de março de 2014

Livros Entre Linhas: Maus


Nome do Mundo: Maus.
Único em Seu Universo.
Dimensão: 296 páginas. 
Criador: Art Spiegelman.
Data de Nascimento: 
BRA:  2005 / US: 1ª parte: 1986; 2ª parte: 1991
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Quadrinhos da Cia.
Onde Obter: Saraiva - Submarino - Livraria Cultura 
Relatório Completo: Skoob.
Sinopse: Maus ("rato", em alemão) é a história de Vladek Spiegelman, judeu-polonês que sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz, narrada por ele próprio ao filho Art. O livro é considerado um clássico contemporâneo das histórias em quadrinhos. Foi publicado em duas partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991. No ano seguinte, Maus ganhou o prestigioso Prêmio Pulitzer de literatura. A obra é um sucesso estrondoso de público e de crítica. Desde que foi lançada, tem sido objeto de estudos e análises de especialistas de diversas áreas -história, literatura, artes e psicologia. Em nova tradução, o livro é agora relançado com as duas partes reunidas num só volume. Nas tiras, os judeus são desenhados como ratos e os nazistas ganham feições de gatos; poloneses não-judeus são porcos e americanos, cachorros. Esse recurso, aliado à ausência de cor dos quadrinhos, reflete o espírito do livro: trata-se de um relato incisivo e perturbador, que evidencia a brutalidade da catástrofe do Holocausto. Spiegelman, porém, evita o sentimentalismo e interrompe algumas vezes a narrativa para dar espaço a dúvidas e inquietações. É implacável com o protagonista, seu próprio pai, retratado como valoroso e destemido, mas também como sovina, racista e mesquinho. De vários pontos de vista, uma obra sem equivalente no universo dos quadrinhos e um relato histórico de valor inestimável.

Esse livro/quadrinhos é tão intenso e real, que não tenho como NÃO escrever o clichê aqui: Simplesmente não sei o que escrever nessa resenha. (Que tal sobre o livro?! OHH, REALLY?). Acho que o que melhor define a experiência de ler esses quadrinhos é igual o que os judeus sentiram durante os conflitos da Segunda Guerra (exagerando MUITO, mas okay): Só quem passou sabe.

O que mais me chamou a atenção, claro, desconsiderando o tema do qual sou totalmente viciada (sim, pessoas que gostam de ler sobre guerras deviam ser internadas e eu estou nessa fila, kisses), foi o autor relatar a experiência do próprio pai judeu durante o Holocausto. E como explicar o realismo desta obra? O autor também é um personagem de sua história, um jornalista em busca de alguma matéria, e eis que um dia ele decide perguntar ao pai sobre nada mais que o evento que mais lhe causou feridas e cicatrizes.

"Spiegelman retrata os nazistas como gatos, os judeus como ratos, os poloneses como porcos, os americanos como cães, ingleses como peixes e franceses como sapos. Todos são terrivelmente humanos."

A história é fragmentada em 2 partes básicas: os dias que Art, o autor, passou ao lado do pai, recolhendo as informações para sua matéria e o regresso ao passado que Vladek, o papai do autor,  faz enquanto conta sua história com o Holocausto. 
(VOCÊS NÃO FAZEM IDEIA DO QUANTO ESTOU ME CORROENDO EM CONTINUAR ESSA RESENHA! OKAY, VOU POLPÁ-LOS DOS MEUS DRAMAS MENTAIS).
O "encantador" do livro é a sutileza e simplíssismo (Essa palavra existe, Senhor?) do autor em relatar passeios e brigas de família com a mesma calma que faz ao nos revelar a tortura desumana dos campos de concentração. Não há delicadeza em seu traço. Não há fujas para um alívio da dor dos personagens, ou eufemismo perante situações de algo que só consigo descrever como "puro horror". É como se ele simplesmente puxasse a cortina que a maioria das histórias de Segunda Guerra mantém erguida para camuflar a parte que não convém tanto mostrar, por ser um fato que não consideraram causar tanta dramaticidade. 


A volta do tempo feita por Vladek se inicia bem antes do nazismo ganhar força. Quando ser judeu e polonês não era considerado uma desculpa para tirar a humanidade de alguém. Pouco a pouco, com o passar dos capítulos, percebemos que nada foi mais verídico do que desenhar os judeus como ratos e os nazistas como gatos, numa perseguição à la Tom & Jerry, mas sem humor algum. Porém, é fácil se esquecer que na verdade todos foram humanos. Os quadrinhos nos mostram o que foi ser judeu na década de 30/40 para Vladek: desde sua primeira namorada, empregos diversos até fugas, esconderijos e tremendos golpes de sorte, onde qualquer falta de, poderia ocasionar sua morte. Foi um tanto quanto agonizante ver como os judeus foram sendo pouco a pouco enclausurados, como se estivessem entre paredes se fechando devagar, direcionando-os direto à ratoeira. 


O livro também não deixa de retratar os problemas "atuais" tanto de Art quanto do pai. Conflitos no trabalhado de Art, as constantes brigas de Vladek com a esposa e o filho, a dor ainda viva em ambos sobre o suicídio da mãe, e como não perceber que o autor fez questão de não representar o judeu como "um herói"? Vladek sofreu atrocidades sim, mas isso não quer dizer que ele mesmo não tenha seus defeitos. Ao mesmo tempo em que ele também conseguiu salvar vidas que estavam em seu alcance, não deixou de ser azarento (lê-se mão de vaca) e totalmente preconceituoso com os negros enquanto morava nos EUA. Eu realmente tiro o chapéu (se eu tivesse um) para livro que mostra os dois lados da moeda, e não apenas o mais brilhante deles.


Uma narrativa que visa o real, sem enfeites, realces ou ocultação. O fato. E um traço tão rico, completo e preciso, onde cada elemento se junta a dar riqueza à verossimilhança. O autor ainda fez uma tirinha contando sobre o seu momento se ressaca literária e procrastinação! COMO NÃO SE IDENTIFICAR E QUERER FAZER UM HIGH-FIVE?!

Okay, back to reality. Leia se tiver estômago, cabeça e principalmente, se souber domar o coração para não procurar muito sentimentalismo.  FÃS DE GUERRA/FUTUROS MEMBROS DE MANICÔMIOS ATAQUEM!

Notas extras:
*Uma comparação interessante que li em algum blog, foi de imaginar em como o livro A Revolução dos Bichos do querido Orwell não cairia bem em um quadrinho feito com os traços de Art, hm.
*O blog "O Epitáfio", disse o seguinte em sua resenha: "Em 1992, o prêmio Pulitzer, dedicado a pessoas que realizam trabalhos de excelência na área jornalística, foi dado pela primeira vez a uma história em quadrinhos: Maus, de Art Spiegelman, a dita história que retrata sobreviventes dos campos de concentração de Auschwitz. Maus, que teve seu primeiro volume publicado em 1986 e o segundo em 1991, acabou com a ideia de que histórias em quadrinhos deveriam estar sempre associadas a humor ou temas infantis. Essa premiação abriu o debate sobre a inserção dos quadrinhos na literatura e nas artes em geral, mostrando o valor da graphic novel como estilo jornalístico. Maus também abriu caminho para uma corrente dentro da HQ: a da autobiografia – conhecida como Quadrinhos Verdade." Interessante, não? Sou a favor dos professores pedirem livros como esses para seus alunos lerem, por que não?

             COMO SE EU NÃO FOSSE DAR 5 RATINHOS SÓ DE LER A ABA DO LIVRO.


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