quinta-feira, 31 de julho de 2014

Livros Entre Linhas: Senhora



Nome do Mundo: Senhora.
Único em seu Universo.
Dimensão: 162 páginas.
Criador: José de Alencar
Data de Nascimento: 
BRA: 1875.
Onde Obter: Saraiva - Submarino - Livraria Cultura - AmericanasPDF
Relatório Completo: Skoob
Sinopse: Aurélia Camargo, filha de uma pobre costureira e órfã de pai, apaixonou-se por Fernando Seixas – homem ambicioso - a quem namorou. Este, porém, desfez a relação, movido pela vontade de se casar com uma moça rica, Adelaide Amaral, e pelo dote ao qual teria direito de receber. Passado algum tempo, Aurélia, já órfã de mãe também, recebe uma grande herança do avô e ascende socialmente.Passa, pois, a ser figura de destaque nos eventos da sociedade da época. Dividida entre o amor e o orgulho ferido, ela encarrega seu tutor e tio, Lemos, de negociar seu casamento com Fernando por um dote de cem contos de réis. O acordo realizado inclui, como uma de suas cláusulas, o desconhecimento da identidade da noiva por parte do contratado até as vésperas do casamento. Ao descobrir que sua noiva é Aurélia, Fernando se sente um felizardo, pois, na verdade, nunca deixara de amá-la. E abre seu coração para ela. A jovem, porém, na noite de núpcias, deixa claro: "comprou-o" para representar o papel de marido que uma mulher na sua posição social deve ter. Dormiram em quartos separados. Aurélia não só não pretende entregar-se a ele, como aproveita as oportunidades que o cotidiano lhe oferece para criticá-lo com ironia. Durante meses, uma relação conjugal marcada pelas ofensas e o sarcasmo se desenvolve entre os dois

Pena de quem irá torcer o nariz só pelo autor ser José de Alencar. O triste é que literatura nacional deveria nos encher de orgulho e vontade de ler. Mas todos nós sabemos que parte da culpa é devido ao clima de obrigação que as escolas impõe para esses livros. Enfim, tudo se resume em desperdício de obras incríveis. E, infelizmente, com esse não é diferente. 
Senhora, historicamente falando, é catalogada como “Romance urbano”, por tratar de histórias da alta burguesia da época. Enfim, mais detalhes nos seus livros de literatura do ensino médio ou Wikipédia. Mas o que chamou tanto minha atenção nessa “leitura obrigatória?" Afinal, elas sempre são entediantes, não é? WRONG!

“Ninguém ao ver essa gentil menina, na aparência tão calma e tranquila, acreditaria que nesse momento ela agita e resolve o problema de sua existência”.

Esse livro conta a história de Aurélia Camargo, e se inicia nos mostrando como é sua vida atualmente. Órfã, solteira e herdeira de uma grande fortuna, Aurélia frequenta os melhores bailes, e está apenas começando a vida dos 20 anos. Puro glamour. Mas nem sempre foi assim. Também conhecemos Fernando Seixas, um rapaz que vive divulgando uma imagem de rico, mas na verdade possui origens bem humildes. Simplesmente não consegue resistir às festas e a falsa sensação de poder estar lá. Fernando no momento procura loucamente um casamento que lhe proporcione um rico dote, pois está cheio de dívidas e de vontade de continuar a exercer sua ilusória riqueza.

“Pois o ouro tem uma fumaça invisível, que embriaga ainda mais do que a do charuto”.


*Pausa para explicações: Naquela época, a família da noiva tinha que oferecer uma quantia de dinheiro ao noivo, chamado dote, e após o casamento, ele podia fazer o que quiser com o valor. E a noiva deveria ser grata por alguém a ter aceitado. (Reprimido ânsia de vômito em 3, 2, 1...)*


“Aurélia distinguia-se pela sobriedade, que era nela a consequência de temperamento e educação”.

Certo, mas o que essas personagens possuem com comum? And the correct answer is: Um passado enamorado juntos. Tempos atrás, Aurélia não passava de uma moça pobre que trabalhava duro para manter vivos sua mãe doente, irmão demente e casa que se encontrava em péssimas condições. Ao contrário do costume da época, Aurélia pensava em conseguir fazer a família subir de vida sozinha. Não se interessava por casamentos. Porém, o sonho de sua mãe era ver a filha casada e mesmo em leito de morte, insistia para ela abrir a janela de seu quarto e deixar o mundo contemplar sua beleza. Afinal, como narra todo livro no período do romantismo, as mulheres eram donas de uma beleza divina, que deixa qualquer (Zeuza) Afrodite no chinelo.


“Aurélia amava mais seu amor do que seu amante; era mais poeta do que mulher; preferia o ideal ao homem”.

Aurélia cede e todo dia passa algumas horas contemplando a paisagem e deixando-se ser contemplada. Claro que choveram pretendentes pedindo sua mão. Mas apenas um rapaz chamou sua atenção. Alguém que não parecia interessado em dotes ou casamento instantâneo. Sim, se você pensou em Fernando (quem mais? O.o), um pedaço de pão imaginário pra tuOs dois ficaram noivos e, segundo o autor, se amavam de verdade. Mas então uma moça ofereceu uma alta quantia em seu dote para Fernando. De coração partido, mas preferindo o dinheiro para quitar as dívidas e viver no falso luxo, Fernando deixa Aurélia e se compromete a outra.


“ – Quer saber minha opinião? Isto que o senhor chama escravidão, não passa de violência que o forte exerce sobre o fraco; e nesse ponto todos somos mais ou menos escravos, da lei, da opinião, das conveniências, dos prejuízos; uns de sua pobreza, e outros de sua riqueza. Escravos verdadeiros, só conheço um tirano que os faz, é o amor, e este não foi a mim que o cativou”.


Aurélia, agora órfã e sozinha, recebe a notícia de que seu avô paterno a reconheceu como neta e única herdeira. Mesmo Aurélia mal sabendo da sua existência, ganha todo o dinheiro dos negócios da família. Depois de contratar uma espécie de empresário para ajudá-la, Aurélia começa a elevar seu padrão de vida e a ascender na alta sociedade. Claro que Fernando ficou sabendo da notícia e o sentimento de humilhação reinou fervorosamente em seu interior. Não tinha coragem de ser visto por Aurélia e só o que lhe restava era aguardar seu casamento com outra. 



“Quem não compreender a força desta razão, pergunte a si mesmo por que uns admiram as estrelas com os pés no chão, e outros alevantados às grimpas curvam-se as moedas no tapete”.

Mas um dia Fernando recebe uma estranha proposta: um empresário lhe informa que há uma mulher oferecendo um riquíssimo dote, pedindo apenas para sua identidade só ser revelada caso ele assinasse o contrato e não houvesse mais volta. Oh, puxa vida, quem será que é? Fernando, desconfiado, aceita o pedido e desfaz o o antigo noivado. Depois de todo o momento de choque da revelação e blás, Aurélia e Fernando finalmente se casam! YAY, PARTY HARD! Tudo transcorria para um “felizes para sempre”, Mas na noite de núpcias, Aurélia deixa bem claro que COMPROU Fernando, por isso seria ela a administrar a casa e os negócios. Fernando, se sentindo humilhado e sem escolhas, decide entrar no jogo. A partir daquele momento, ela seria sua Senhora e ele obedeceria tudo que lhe fosse ordenado sem titubear. E é nessa linda cena que encerro a explicação.



“Daí encaminhou-se ao piano, que é para as senhoras como o charuto para os homens, um amigo de todas as horas, um companheiro dócil, e um confidente sempre atento”.

 Quero ressaltar que o livro é HILÁRIO! 

A história gira em volta basicamente do casal “apaixonado” e com o decorrer do livro, vamos conhecendo mais dos seus passados e como tudo culminou para transcorrer do jeito que foi. As personagens foram muito bem moldados e todos são bem caricatos. Aurélia é uma pessoa energética, de pouco drama e cheia de espírito. Como ela mesma diz, conheceu a face da pobreza e da riqueza e por isso sabe ser prudente. Fernando é tranquilo e sempre visou o melhor para seu futuro. E mesmo com tudo que ele fez à Aurélia no passado, ele me fez rir muito agindo forçada e sarcasticamente como escravo de Aurélia.

“– Pois seja antes meu empregado, asseguro-lhe o acesso.
– Já sou seu marido – respondeu Seixas com uma calma heroica”.

É exatamente isso o que mais apreciei no livro. Os diálogos extremamente mordazes, irônicos, sarcásticos e cheios de intenção de provocar, sutilmente disfarçados quando havia outras pessoas no local da guerra silenciosa entre Aurélia e Fernando. Afinal, para o resto da sociedade eles eram um casal vivendo em completa felicidade. Todo o processo de desentendimentos e mágoas entre Fernando e Aurélia soam ainda mais cômicos porque na verdade os dois de amam!, e um não sabe disso a respeito do outro. Somando isso com a encenação de felicidade e sorrisos no rosto que são obrigados a fazer quando saem de casa... fortes risadas.


“Outra mudança notava-se em Seixas. Era a gravidade que sem desvanecer a afabilidade de suas maneiras sempre distintas, imprimia-lhes mais nobreza e elevação. Ainda seus lábio se ornavam de um sorriso frequente; mas esse trazia o reflexo da meditação e não era como dantes em sestro de galanteria”.



A escrita de Alencar é rica, poética e descritiva onde necessário. Ele realmente sabe criar a beleza em palavras.  Você quase acredita que todas as cenas foram transcritas de gravações da casa da Aurélia ou outros lugares onde o livro se passa. Enfim, de encher a imaginação. É como se o autor estivesse ao seu lado, lhe indicando para onde olhar e de que modo. Sei que o livro parece ter um clima de novela e chick-lit. Mas gente, José de Alencar soube inovar e fazer algo bem mais denso e divertido.

“A riqueza também tem sua decência. Casou-se com uma milionária, é preciso sujeitar-se aos ônus da posição. Os pobres pensam que só temos gozos e delícias; e mal sabem a servidão que nos impõe esta gleba dourada. Incomoda-lhe andar de carro? E a mim não me tortura este luxo que me cerca? Há cilício de crina que se compare a estes cilícios de tule e seda que sou obrigada a trazer sobre as carnes, e que me estão rebaixando-a todo o instante, porque me lembra que aos olhos deste mundo, eu, a minha pessoa, a minha alma, vale menos do que esses trapos?”

E não vou mentir, o livro possui palavras complicadas e você pode sentir necessidade de consultar o dicionário. Mas nada que o impeça de entender o contexto ou que estrague sua leitura. Acho que aumentar o vocabulário deveria ser um ponto positivo, não? SIM.


“Passava os dias encerrada em seu toucador. Quando aparecia era sempre distraída e tinha o aspecto essas pessoas que se habituam a viver no mundo da fantasia, e que sentindo-se como aturdidas quando descem à realidade, refugiam-se em suas quimeras”.

Okay, that’s it, people! Espero que considerem a indicação, pois é uma leitura fluída e divertida. VENHA SE SENTIR MAIS CULTO. Cinco anéis, favoritado e amado xD



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terça-feira, 29 de julho de 2014

Livros Entre Linhas: Crônica de um Amor Louco


http://www.livrariascuritiba.com.br/Imagens/Ebooks/DLD/1d46425984d5d7254fef9262817a5e11.jpgNome do Mundo: Crônica de um Amor Louco.
Universo: Ejaculações e Exibicionismos. 
Do Mesmo Planeta:
2°: Ejaculações e Exibicionismos: Fabulário Geral do Delírio Cotidiano
 Dimensão: 320 páginas. 

Criadora: Charles Bukowski.

Data de Nascimento:
BRA: 1972

Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: L&PM. 
Onde Obter: Saraiva - Submarino 
Relatório Completo: Skoob. 
Sinopse: Crônica de um Amor Louco é o primeiro dos dois volumes da obra Ereções, Ejaculações e Exibicionismos, do genial escritor Charles Bukowski (1920-1994). Uma jornada pelo universo infernal e onírico do velho e safado Buk – seus personagens desvalidos, seus quartos imundos em hotéis baratos, seus bares enfumaçados na longa louca noite de neon: o sonho americano reduzido a trapos nas ruas desertas da madrugada voraz de Los Angeles, a cidade que Bukowski amava acima de todas as coisas. Este primeiro volume leva o título do filme que o italiano Marco Ferreri realizou baseado nos textos de Bukowski e cuja linha mestra é extamente o primeiro conto do livro, A Mulher Mais Linda da Cidade. Ao narrar a história de Cass, uma bela mestiça que passara a adolescência em um convento, Bukowski mergulha na excitação frenética, na insanidade corrosiva das noites mormacentas e manhãs de névoa poluída da sua amada Los Angeles. Os contos parecem brotar do seu estômago ulcerado, são jogados ao papel entre espasmos de delirium tremens e fantasias alcoólicas disformes. Perto dessas histórias rudes e ríspidas, os contos de outros autores parecem narrativas de colegiais, que nada têm a ver com o mundo da maquinaria, com esse gigantesco cemitério de automóveis que nos envolve e sufoca. Mas, ao mesmo tempo, Bukowski é lírico. Seus contos terminam bruscamente, mas deixam suspensa no ar uma sensação de dignidade e esperança na raça humana.


Se vocês estavam esperando uma resenha grande, podem tirar o cavalinho da chuva, pois todos sabemos que eu não gosto de escrever muito (cof cof).
Nas minhas longas férias de dois meses que ainda não acabou (boooooooooring), eu li o meu primeiro livro de Bukowski, e como não é uma narrativa comum, a resenha VAI sair pequena. Então se contente, sis.

Quando eu li o título eu não me intimidei, pois sei que Bukowski era um velho louco safado. Este livro reúne várias crônicas e me causou uma boa impressão com o primeiro conto "A Mulher Mais Linda da Cidade", onde Cass é a protagonista. Mas se você espera um romance mamão com açúcar, seus sonhos serão atropelados no primeiro dos muitos palavrões e linguagem um pouco chula.


Entre nós dois a conversa sempre fluía espontânea. Ela falava um pouco, eu prestava atenção, e depois chegava a minha vez. Nosso diálogo era simples assim, sem esforço nenhum. Parecia que tínhamos segredos em comum. Quando se descobria um que valia a pena, Cass dava aquela risada - da maneira que só ela sabia dar. Era como a alegria provocada por uma fogueira. Enquanto conversávamos, fomos nos beijando e aproximando cada vez mais. Ficamos com tesão e resolvemos ir para a cama.

Nesse livro foi como estar em uma montanha russa, uma hora você ama, outra hora você se assusta com a quantidade de expressões e sexo. É fácil resumir este livro em apenas três palavras: Palavrões. Sexo. Bebidas. Não acho que é uma leitura que agradará á todos, principalmente para aqueles que não gostam de tantos palavrões explícitos.



"Beleza não vale nada e depois não dura. Você nem sabe a sorte que tem de ser feio. Assim quando alguém simpatiza contigo"

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Livros Entre Linhas: Todo Dia



Nome do Mundo: Todo Dia or Everyday.
Único em Seu Universo.
Dimensão: 280 páginas. 
Criador: David Levithan.
Data de Nascimento: 
BRA: 2013 / US: 2012
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Galera Record.
Onde Obter: Saraiva - Submarino - Livraria Cultura - AmericanasPDF
Relatório Completo: Skoob
Sinopse: Neste novo romance, David Levithan leva a criatividade a outro patamar. Seu protagonista, A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.


Você também está cansado das costumeiras fórmulas para livros contemporâneos e Young Adult? Bem vindo ao meu clube. Já virou uma questão de subestimação o modo como a maioria desses livros se desenrolam. “Se não gosta, então não leia, oras”. Sim, eu concordo. Mas o problema é que eu ainda encontro livros inovadores dessa categoria e que valem a pena. Do tipo que não recorre ao mesmo método e usa frases como “Os incomodados que se mudem”, em defesa à falta de criatividade. Desculpe, mas eu não gosto de ser acomodada. Livros foram feitos para incomodar, principalmente nos pontos fracos. E Todo Dia foi surpreendentemente esse tipo de livro.



“Depois de um tempo é preciso aceitar o fato de que você simplesmente existe. Não há meio de saber o porquê. Você pode ter algumas teorias, mas nunca haverá uma prova”.


O livro é narrado por “A”, (sim, isso é um nome e ainda demorou para descobrirmos!), uma pessoa que não é exatamente uma “pessoa” no sentido físico, no qual estamos habituados a pensar. “A” é apenas uma consciência, como se fosse formado apenas pela sua capacidade cerebral de raciocinar e de alguma forma, existir. Mas não é dono de nenhum cérebro ou corpo. E foi assim desde que ele nasceu. (Está parecendo papo de quem comer flor-de-lótus :v)


“Aprendi a observar, muito melhor do que a maioria das pessoas faz. O passado não me ofusca, nem o futuro de motiva. Concentro-me no presente, porque é nele que estou destinado a viver”.

Todo dia, “A” acorda no corpo de uma pessoa diferente, sem nunca voltar ao mesmo hospedeiro. E cada novo capítulo significa uma nova manhã, uma nova vida para aprender a lidar, um novo corpo para cuidar. Acesso a lembranças de passados diferentes e planos de futuros que nunca poderá possuir ou planejar. Pois para “A”, o amanhã não existe. Não no sentido convencional. Não quando a palavra “incerto” adquire uma âncora de significado.



“O momento em que você se apaixona parece carregar séculos, gerações atrás de si – tudo isso se reorganizando para que essa interseção precisa e incomum possa acontecer. Em seu coração, em seus ossos, por mais bobo que saiba que é, você sente que tudo levou a isso, que todas as flechas secretas estavam apontando para este lugar, que o universo e o próprio tempo construíram isso muito tempo atrás, e agora você acaba de perceber que chegou ao local onde sempre deveria ter estado”.


Okay, espero ter conseguido retratar uma parte do que é ser o “A”. Ah sim, “A” não possui sexo definido, ele/ela apenas sabe que atualmente tem 16 anos e todos os corpos que habitará possuem a sua idade. Ou seja, quando ele tinha 5 anos, apenas se hospedava em crianças de 5 anos. “A” também não controla essa mudança de corpos. Ele/ela apenas sabe que à meia noite, queria ou não, irá para um ser humano diferente. Enquanto está dentro do corpo das pessoas, ele continua sendo quem é, e possui o livre arbítrio de seguir as ações costumeiras do hospedeiro ou ser quem quiser ser. (Ela/ela, enfim, vocês entenderam. Vou chamar de “ele” para facilitar a vida).



“Sinto que o universo está me dizendo alguma coisa. E não importa se é verdade ou não. O que importa é que eu sinto isso, e acredito”.

Certo, chega de apresentações. Desde o começo do livro, “A” deixa claro que é o que é, mesmo que ele próprio não saiba a resposta. Mas o autor soube nos situar bem sem termos que “pegar o ônibus andando”.



“Posso dizer que a tristeza voltou. E não é uma tristeza bonita; a tristeza bonita é um mito. A tristeza transforma as feições em argila, não em porcelana”.

No primeiro capítulo, “A” acorda no corpo de Justin, um garoto que não dá muita importância para nada, inclusive à sua namorada, Rhiannon. Depois algum tempo, “A” criou um “protocolo de regras” para não prejudicar seus hospedeiros, tentando agir exatamente como eles o fariam e sem se envolver com as pessoas ao redor, já que tudo aquilo só duraria 24h. Já que nunca possuiria uma identidade ou realidade para si. Mas perto de Rhiannon, por algum motivo, ele decidiu fugir de suas regras. Por um dia. Um dia que, ao final, ele desejou que nunca terminasse. Sim, alerta perigo.



“Já não acho que ela só esteja sendo gentil. Ela está sendo boa. O que é mais um sinal de caráter do que a mera gentileza. A bondade tem a ver com quem você é, enquanto a gentileza tem a ver com o modo como quer ser visto”.

Claro que no dia seguinte, “A” não era mais Justin. Nunca mais seria. Mas os momentos que passou com Rhiannon deixaram marcas. 
A necessidade de ser alguém era um desejo que ele achara ter superado.  De conquistar coisas por si só. De ter uma vida. Uma única vida. De ser a mesma pessoa mesmo depois da meia noite. (Perceberam que eu nem gosto de frases curtas? #ficaadica).

“Simples e complicado, como a maior parte das coisas verdadeiras”.

A cada dia, “A” quebra cada vez mais suas regras de não envolver os hóspedes em algo que não diz respeito às próprias vidas. Mas ele tinha que ver Rhiannon. Mesmo que Rhiannon não fizesse ideia que dentro de todos os corpos que conheceu, havia a existência peculiar de “A”. Como “A” conseguiria explicar qualquer coisa relacionada a ele para Rhiannon? E pior, que estava apaixonado?



“Apaixonar-se por alguém não significa que você saiba como a pessoa se sente. Significa apenas que você sabe como você se sente”.



Well well, sei que a trama já trouxe a tona “exclusividades YA”. Mas se eu consegui me esforçar para ver além disso, come on!, você também. Eu gostei da ideia central do autor. Ele foi inteligente de entrelaçar suas críticas sobre padrões da sociedade num livro de cenário destinado a adolescentes. Ao mesmo tempo que deixou uma impressão de estar limitando-se, mas enfim. Por “A” não possuir um sexo definido, o autor explora bastante sobre questões homofóbicas, tanto para o lado gay quanto para o lésbico, ao mesmo tempo em que ele não prioriza isso.  Ele não defende nenhum dos lados, não faz campanha contra ou a favor. Apenas mostra casais. 


“É somente nos pontos mais delicados que fica complicado e controverso, a incapacidade de perceber que, não importa qual seja nossa religião, sexo, raça, ou localização geográfica, todos nós temos cerca de 98% em comum com todos os outros. Sim, as diferenças entre homens e mulheres são biológicas, mas se você observa a biologia como uma mera questão de porcentagem, não há muita coisa diferente. A raça é diferente apenas como uma construção social, e não como uma diferente inerente. E quanto à religião, quer você acredite em Deus, Javé, Alá ou qualquer outra coisa, é provável que, em seu coração vocês queiram a mesma coisa. Por uma razão qualquer, nós nos concentramos nos 2% da diferença, e a maior parte dos conflitos que acontece no mundo é conseqüência disso”.

Claro que “A” às vezes estava em um corpo de alguém que namorava, e com isso temos a oportunidade de conhecer todos os tipos de casal. E o autor foi além. Ele mostra as personalidades das pessoas que os formavam, definido-as pelo que elas são e não pela opção sexual ou pelo preconceito que sofrem por isso. (Eu sou bem anti-romântica, não gosto de livros melosos que me façam sentir com diabetes literária. Mas a forma que o autor tratou de “assuntos de relacionamentos”, com simplicidade e sem alardes, não me cansaram. E isso é raro).


“Mas aposto que tem um monte de gente que passa a vida inteira sem dizer a verdade. E essas pessoas acordam no mesmo corpo e na mesma vida todas as manhãs”.

Acalma-se você que começou a pensar que o livro só trata “do sentimento entre duas pessoas”. Por sorte não, pois se não eu já teria vomitado e deixado claro que fiz isso. Os assuntos mostrados atrás da ótica de “A” são bem diversificados e posso dizer que expostos de maneira levemente neutra, pois ele não possui preconceitos em relação a nada. Ele já esteve em pessoas que preferem o silêncio. Pessoas que gostam de festas. Pessoas estudiosas. Pessoas ignorantes. Ele já sofreu bullying. Já esteve no corpo de valentões. Pessoas suicidas. Pessoas com problemas alimentares. ENFIM, toda uma nuança de opiniões, personalidades, traumas, experiências e diversificações. 



“Sei por experiência própria que, sob toda garota desimportante, existe uma verdade fundamental. Ela esconde a dela, mas ao mesmo tempo, quer que eu a veja”.

Ele nos mostra que de alguma forma, todos às vezes pensam as mesmas coisas, mas de maneiras diferentes. Todos possuem a mesma coletânea de sentimentos. Todos querem ser felizes e amados, mesmo que alguns gritem isso ao mundo e outros escondam e finjam que não. Todos sentem tristeza, todos têm dias difíceis. Todos se preocupam ou já se preocuparam com aparências ou opiniões alheias. Há apenas inúmeras maneiras de uma pessoa passar por isso, compartilhar, esquecer ou guardar as experiências que vive. (Okay, essa é a parte em que sinto que viajei demais e não lembro mais do que especificamente estava falando ou tentando chegar = "apenas sorriem e acenem, rapazes.")


“O som das palavras quando são ditas é sempre diferente do som que fazem ao serem ouvidas, porque o falante ouve parte do som do lado de dentro”.

O final do livro não foi uma surpresa para mim. Mas eu passei boa parte da história sentindo uma grande curiosidade sobre aonde tudo aquilo iria chegar. Não que tenha sido satisfatório, mas acho que foi um bom encerramento. E o fato de ser livro único mostra que devemos deixar como está e se quisermos, podemos acrescentar uma reticências na nossa mente.



“Ela está tentando sobreviver ao dia, e não é uma tarefa difícil”.

Como já devo ter mencionado, ou não :x, que a escrita do autor é ótima. Ele consegue literalmente PÔR sensações em palavras e pensamentos que você achava ser o único a tê-los em frases que resumem tudo de maneiras concisa e abrangente. Ele faz os personagens se desenvolverem de maneira natural e você sente o progresso. Espero ler mais Levithan, pois seu ritmo de escrita é tão sem adjetivos que eu esquecia que estava lendo um livro! Como eu li em formato de ebook, comentários sobre a diagramação estão dispensados.



“Raramente as pessoas são tão atraentes quanto são aos olhos das pessoas que as amam”.


Quatro A’s como nota! (Isso no boletim também é bem vindo). Mesmo não sendo O livro relação, foi bom passar um tempo com ele e aprender a cultivar as lições que ensina.




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sexta-feira, 25 de julho de 2014

Livros Entre Linhas: Anarquistas, Graças a Deus


Nome do Mundo: Anarquistas, Graças a Deus.
Único em Seu Universo.
Dimensão: 271 páginas. 
Criadora: Zélia Gattai.
Data de Nascimento: 
BRA: 1979.
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Record.
Onde Obter: Saraiva - Submarino - Livraria Cultura 
Relatório Completo: Skoob
Sinopse: Um dia Zélia Gattai resolveu escrever uma história de sua infância, e escreveu a história de sua infância. Lembranças de uma infância e uma adolescência ricas de acontecimentos, narrando o cotidiano das famílias dos imigrantes daquela época, em São Paulo. A vida que decorre, os pequenos incidentes, os grandes eventos, as dificuldades, a luta, os ideais, os sonhos, a indomável coragem de uma gente sofrida... Para o seu antigo fã-clube foi, a um tempo, a alegria da descoberta de como aquele universo podia se transformar em obra literária e a perda da exclusividade. Mas valeu a pena. Valeu também para a multidão de seus leitores, que a acompanha. Admiradores apaixonados incondicionais: é o que o mistério de Zélia é a capacidade de, num gesto ou numa frase, colocar a sua alma e, assim chegar direto aos corações.




Foi um doce privilégio poder ler um livro como esse. Sei que muitos possuem preconceitos quanto a livros mais antigos, principalmente devido ao medo do tipo de vocabulário  que encontrarão. Apenas digo que quem tem medo de desafios, e só joga no modo easy, não sabem que as conquistas só são saborosas quando merecidas. Mas enfim, se caso este seja seu caso, o livro apresenta uma narrativa bem leve e despretensiosa. A sua única intenção é despertar nostalgias, obtida com êxito.

- Farabitti, tutti quanti! – reforçou mamãe. – Todos esses capitalistas, exploradores dos pobres, sanguessugas do povo. Ninguém reclama, ninguém protesta e eles fazendo dos humildes gato e sapato. Aumentam os preços de tudo quando querem, sem o mínimo respeito, sem a mínima consideração. Uma atrevidos soltos nas suas ganâncias. Uns atrevidões!

Jorge Amado teve sorte de se casar com alguém espirituoso como Zélia! Este livro tem um clima de pequenas crônicas, pois cada capítulo relata um acontecimento diferente da infância da autora. Zélia Gattai nasceu em 1916, e narra suas travessuras até os 14-16 anos, quando deixariam de ser memórias de criança. Brasileira com raízes italianas herdadas da mãe, conhecemos como suas famílias, materna e paterna, foram para o Brasil. Todos movidos com um espírito Anarquista de imigração. E caso você esteja achando que "anarquismo" é sinônimo de "bagunça", I just say "You know nothing, Jon Snow!".

Se eu tivesse ido ao seu velório, poderia ter descoberto tudo. Teria olhado tanto para o semblante de Zina, teria segurado suas mãos, teria beijado seu rosto. Todas essas desesperadoras reflexões ficaram escondidas em meu pequeno coração, extravasaram certamente em sonhos”.

É muito gostoso mergulhar nas memórias da autora. Do jeito que ela descrever as cenas, as irmãs mais velhas e os pais sob o olhar de uma criança. Como morava em São Paulo, há várias descrições sobre os bairros e a vizinhança antigamente. Ambos banhados num certo ar de interior e união de cidade pequena. Dentro da sua casa, você se sente uma integrante da família depois de "vivenciar" como era a rotina de cada um, como era o convívio com cada pessoa, as brigas e os momentos de lazer, etc. Claro que o enredo é tecido pelo ponto de vista de Zélia, que era a caçula da família e nos primeiros anos de vida, tudo soa com um certo gigantismo em relação ao mundo! 

Os ladrões de antigamente era inteligentes e conscienciosos, deixavam os pobres em paz. Dormíamos tranquilos”.

O leitor também conhece os costumes da época. Sobre como o principal futuro que aguardava as mulheres era ser dona de casa e analfabeta, pois poucas tinham a oportunidade de ir para escola. Afinal, os pais não se importavam com isso na época. (Não que eu ame ir à escola, mas é triste ver o descaso dos alunos de hoje em dia por um direito que foi suado de conseguir e enfrentou inúmeros paradigmas enraizados na sociedade da época).

Por timidez ou preconceito, talvez devido às duas coisas, mamãe vivia eternamente escravizada à opinião alheia: ‘O que não vão pensar?’ era a frase que mais repetia.

Foi um prazer ter tido essa experiência e acompanhar todos os tipos de situações que a autora narra e viveu. Acho que isso foi o tornou tudo mais enfatizante: foi real! As tragédias, os personagens e os devaneios. Tudo aconteceu e jaz em algum recôndito do tempo.
Houve brigas e desentendimentos. Houve momentos de crise econômica, na qual a família de Zélia nunca deixou de ser solidária com o próximo, (que claro, na hora da necessidade chove!). Houve momentos de diversão, daqueles que você sente um tipo de felicidade possível apenas quando se passa um tempo fazendo bobagens com quem você ama e discute ao mesmo tempo.

Muito cedo eu aprendera na própria carne que nem tudo na vida é riso e que muitas coisas más existem no mundo a nos fazer sofrer, todas elas detestáveis: ciúmes, remorsos, saudades, injustiças, humilhação, ódio, raiva...

Um dos meus personagens favoritos foi o pai de Zélia. Ele fazia uma competição de música erudita com as filhas! E para mim, a parte mais hilária foi uma confusão que durou anos devido ao disco favorito da mãe quebrado por "alguém"! Era empolgante torcer pelos personagens, pois eu nunca parava de lembrar que aquelas foram lutas reais. Todos os problemas, mortes, conquistas e nascimentos pesaram mais para mim em relação aos livros de ficção. Por isso torcer pelo bem estar geral da nação era uma necessidade! Mas acho que me apeguei a todos os personagens e foi diferente ter o meu julgamento sobre eles, baseado no que Zélia contava, junto com o dela própria, como se ambos disputassem em uma espécie de balança mental.

Muito cedo eu aprendera na própria carne que nem tudo na vida é riso e que muitas coisas más existem no mundo a nos fazer sofrer, todas elas detestáveis: ciúmes, remorsos, saudades, injustiças, humilhação, ódio, raiva...”“Mamãe assistia a todo esse movimento, meio tímida e bastante humilhada: ela nunca fora dona-de-casa, coitada! Sonhadora, sensível, nascera para tarefas intelectuais.

O livro é curtinho. A escrita é fluída e aconchegante. Às vezes é um pouco lenta, afinal nem sempre os livros precisam se resumir a overdoses de adrenalina. É o tipo de livro que sugere cobertor, uma xícara de chá (ou algum líquido da sua preferência), e uma tarde para mergulhar. Eu indico para qualquer tipo de público. Crianças e adolescentes irão gostar de ver "como tudo funcionava antigamente", e se deparar com a existência discos de vinil, vitrolas, carros antigos entre outras peculiaridades. E adultos e idosos com certeza rememorarão algumas das próprias lembranças.

Romântica, mamãe não entrava na água sem declamar José de Alencar, braços estendidos para o oceano: ‘Oh! Verdes mares bravios, da minha terra natal’...

 Como nota, quatro fofos discos de vinil! Quem ler, entenderá a escolha :P
PS: estes por enquanto estão inteiros!



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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Livros Entre Linhas: Convergente


Nome do Mundo: Convergente
Universo: Divergente
Do Mesmo Planeta:
0.5°: The Tranfer Free Four.
1°: Divergente.
2°: Insurgente.
Dimensão: 526 páginas. 
Criadora: Veronica Roth
Data de Nascimento: 
BRA:  2014 / US: 2013
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Rocco
Onde Obter: Saraiva - Submarino - Livraria Cultura - PDF
Relatório Completo: Skoob
Sinopse: A sociedade baseada em facções, na qual Tris Prior acreditara um dia, desmoronou – destruída pela violência e por disputas de poder, marcada pela perda e pela traição. No poderoso desfecho da trilogia Divergente, de Veronica Roth, a jovem será posta diante de novos desafios e mais uma vez obrigada a fazer escolhas que exigem coragem, fidelidade, sacrifício e amor. 






PRIMEIRAMENTE, NEM VOU ME ESFORÇAR PARA ESCONDER SPOILERS DOS LIVROS ANTERIORES, POIS SERIA COMO FRITAR OVO SEM O OVO. 
E TODO QUOTE QUE APRESENTAR UM "*", SIGNIFICA QUE POSSUI SPOILERS!

Olá, Initiates! Dispensando apresentações sobre o livro, (se você não sabe que livro é esse, por favor, me diga de que mundo você veio, pois quero ir para lá!), vamos conversar um pouco sobre o encerramento dessa trilogia tão falada por ai! (Mentira, agora vou apresentar o novo produto da Tekpix).


Eu gosto mesmo de bater nas pessoas. Gosto da explosão de poder e energia e da sensação de que sou invencível porque consigo machucá-las. Mas odeio essa parte de mim, porque é a parte que está mais despedaçada.” Tobias.

Depois daquela bomba como última frase de Insurgente, (raivas eternas direcionadas a Roth por isso), Convergente inicia contando como vai a catástrofe poucas horas depois. E a novidade é que a história agora é narrada pelo Tobias e Tris, (por enquanto manterei minha opinião sobre em silêncio... sim,  exigirá muito autocontrole que não tenho). Certo, vamos revisar como está a querida Chicago: Jeanine morta, sistema de facções destruído e claro, os antigos Sem-Facção no controle. E a nova líder da cidade é ninguém menos que Evelyn, (imagino sua cara de interrogação, pensando "QUEM?". E sim, fui no Google para conferir, cof), a mãe dada como morta desde que Tobias era criança, mas que permaneceu todos esses anos com os Sem-Facção.


Será que medos desaparecem de fato ou apenas perdem o seu poder sobre nós.” Tris.

Julgamentos têm sido feitos para executar os traidores que apoiavam as ideias que Jeanine, e curiosamente, Tris junto com Christina e outras ex-iniciadas, (não me façam lembrar o nome delas, please), estão presas. Tobias quer muito ajudar, mas precisa fingir que o namoro terminou para permanecer aliado à mãe. Mas há uma coisa que se sobrepõe a qualquer problema oriundo do extermínio das facções: A mensagem recebida fora dela, além da cerca. Um pedido de ajuda direcionado aos Divergentes. "Venham".


Há algo profundamente errado em roubar as memórias de uma pessoa. Embora eu saiba que era necessário manter a cidade segura pelo tempo que fosse preciso, pensar sobre o assunto me causa um desconforto no fundo do estômago. Se você rouba as memórias de uma pessoa, você muda quem ela é.” Tobias.

Depois de testemunharem o quanto o "novo sistema" dominado pelo exército dos Sem-Facções através de armas é falho, Tris, Tobias, Tori, Christina, Uriah e até mesmo Caleb decidem esquematizar um plano para conseguir passar pelas cercas. Eles apenas não se preocupam com o que aconteceria depois disso, afinal, como se preparar para um mergulho no desconhecido?

É estranho como o tempo tem a capacidade de fazer um lugar encolher e acabar com a sua estranheza.” Tris.


Mesmo querendo, não posso falar mais que isso, (sim, ativando mais autocontrole inexistente aqui). Apenas adianto que as novas informações recebidas a partir de então são um bocado nem um pouco esperado. Convergente apresenta sim um clima e ritmo diferente dos livros anteriores. Simplesmente porque temos de engolir que todo contexto o qual estávamos familiarizados não passa de uma farsa. Na verdade, há um nome melhor para defini-lo, MAAAS VOU PARAR POR AQUI, hehe.


*alert spoiler* “O tremor desce pelos meus braços, até as minhas mãos, e logo todo o meu corpo estremece, como se tentasse rejeitar algum veneno que eu tivesse engolido. E esse veneno é o conhecimento, o conhecimento deste lugar, de seus monitores e de todas as mentiras sobre as quais construí a minha vida.” Tris.

Certo, só mais um detalhes que PRECISO comentar. Eles encontram sim certas coisas fora da cerca. Até aqui só disse o óbvio. E foi interessante acompanhar as descobertas do grupo sobre essas coisas. Você se sente um estrangeiro tanto quanto eles. Ambos vão se familiarizando aos poucos, aprendendo coisas que nem imaginavam existir. Igualmente o leitor.


Logo depois que a minha mãe morreu, agarrei-me à minha Divergência como se ela fosse uma mão estendida para mim. Eu precisava daquela palavra para definir quem eu era quando tudo ao meu redor estava desmoronando. Mas agora não sei mais se preciso dela e se em algum momento de fato precisamos destas palavras, 'Audácia', 'Erudição', 'Divergente', 'Leal' ou se podemos simplesmente ser amigos, amantes, irmãos, definidos apenas pelas escolhas que fazemos e o amor e a lealdade que nos unem.” Tris.

Finalmente a parte que eu queria comentar: o desenvolvimento. Acho que todos sabem dos comentários extremamente negativos que Convergente tem recebido. Sinceramente, penso que é devido a pessoas que não aguentaram ler que o  “mundinho ideal das facções” não passa de uma ilusão. Como eu não morri de amores pelos livros anteriores, eu gostei parcialmente do que a autora tramou para o encerramento da trilogia. Não sei quanto ao restante das pessoas, mas eu SEMPRE me perguntava "Ah legal, o Chicago pós-mundo apocalíptico é assim, E O RESTANTE DO MUNDO?"

Mesmo com explicações um tanto supérfluas sobre as histórias que desenrolaram depois da "grande guerra" (or whatever o nome do conflito que marcou a divisão entre passado e pós-apocalíptico, que todo livro YA distópico possui), e como as pessoas sobrevivem hoje, pelo menos já foi alguma coisa. Mas ainda fiquei com 95% da mesma pergunta pairando em minha mente. "E QUANTO AO RESTO DO MUNDO, AFINAL, PELO QUE EU SAIBA EXISTEM MAIS CONTINENTES ALÉM DA AMERICA, E MAIS PAÍSES NESSA ALÉM DOS E.U.A". Sorry me, Roth, mas isso foi uma falha imperdoável.


Solto uma risada, e é a risada, e não a luz, que expulsa a escuridão que estava se acumulando dentro de mim, que me lembra de que ainda estou viva, mesmo que seja neste lugar estranho, onde tudo em que eu acreditava está desmoronando. Mas ainda sei de algumas coisas. Sei que não estou sozinha, que tenho amigos e que estou apaixonada. Sei de onde vim. Sei que não quero morrer, e, para mim, isso já é alguma coisa. É mais do que eu tinha há semanas.”  Tris. (Pense numa vontade de esganar uma criatura. Pensou? PIOR).

Sobre os personagens, eu não percebi alterações profundas neles. Talvez tenham mudado um pouco desde o primeiro livro, mas o seus desenvolvimentos e crescimentos nunca foi o foco.  Há personagens novos e a maioria aparece apenas para cumprir funções ou dar novas informações. Enfim, o fato de Tris e Tobias igualmente narrarem deixa certo spoiler bem óbvio... (eu não disse nada  hein!). Mas preciso mencionar que os dois possuem uma personalidade muito parecida, e mesmo com o nome de quem narraria o próximo capítulo, eu me perdi várias vezes, sentindo-me desconectada dos acontecimentos até conseguir me situar. Yeah, bem irritante. Ao mesmo tempo, já que Tris perdeu um pouco do espaço, suas lamentações e pensamentos inúteis diminuiriam consideravelmente, o que foi uma bênção para acalmar o meu ódio por ela. Mas sendo legal, eu admito que percebi uma certa mudança no seu jeito de ver o mundo, deixando de lado aqueles pensamentos idiotas de suicídio e FINALMENTE dando valor as coisas que sempre estavam ao seu lado. Já tinha passado da hora de isso acontecer, mas enfim.

*alert spoiler* “Minha mãe era daqui. Este lugar representa tanto a minha história antiga quanto a minha história recente. Consigo sentir a minha mãe dentro de mim, de onde nunca partirá. A morte não conseguiu apagá-la, ela é permanente.” Tris.

Ah sim, os relacionamentos tornam-se bem mais estreitos nesse livro. Tanto os de amizades quanto, Tobias-Tris, (e restou algum casal que a Tris não arruinou matando um dos integrantes? Cof).


- É, a vida às vezes é mesmo um saco – diz ela – Mas sabe o que estou esperando? – 
Ergo as sobrancelhas. Ela também ergue as dela, imitando-me.
- Os momentos que não são um saco – diz ela – O truque é perceber quando eles aparecem.” Tobias.


O livro teve seus constantes autos e baixos-sub-solo. Foi interessante conhecer mais da descendência dos personagens assim como um tour pelos seus passados. Parece que Roth usa adrenalina como tinta para escrever. E não, não foi totalmente um elogio. É nítida sua intenção de fazer as cenas de ação e descrições soarem dinâmicas e precisas, incluindo as partes dedicadas aos devaneios dos principais. Mas nem sempre isso funcionou, deixando um ar piegas e falso de "estou tentando ser profunda aqui". Além do mais, diversas mortes ocorridas ao longo do livro, ao meu ver, foram desnecessárias. Como se a autora quisesse apenas acrescentar mais drama a história ou não soubesse que papel dar ao personagem quando o enredo fica mais denso.


*alert spoiler* “Meus pais realmente se amavam. O bastante para abandonar planos e facções. O bastante para desafiar a ideia de “facção antes do sangue”. Facção antes do sangue, não. Amor antes da facção, sempre.” Tris.

Okay, para encerrar: o final seguiu a linha do típico "Não é um felizes para sempre, mas pelo menos tentamos a parte do feliz". Não direi que foi satisfatório, pois há ponto que ela deveria trabalhar melhor, e outras que passaram a sensação de que estão lá apenas para o livro ter o mesmo tamanho que os anteriores. Porém, contudo, entretanto, sinto sim satisfação de ter terminar a trilogia e encerrar essa história de vez. (Sinta todo meu amor </3).


Não estou bem. Eu tinha começado a sentir que havia encontrado um lugar para ficar, um lugar que não era tão instável, corrupto ou controlador, ao qual poderia enfim pertencer. Eu já deveria ter aprendido que tal lugar não existe.” Tris.

Três pokebolas, primeiro porque não faz mais sentido usar símbolos de facção, e segundo porque toda a trilogia foi três estrelas para mim. Vale a pena ler pela narrativa fluída e pela sensação de ler mais de 500 páginas em um ou dois dias.




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