domingo, 25 de janeiro de 2015

Livros Entre Linhas: Gênesis



Nome do Mundo: Gênesis
Único em Seu Universo.
Dimensão: 176 páginas. 
Criador: Bernard Beckett
Data de Nascimento: 
BRA & New Zealand: 2009
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Intrínseca
Onde Obter: Saraiva - Livraria Cultura -  PDF
Relatório Completo: Skoob
Sinopse: Na ocasião em que a Terra foi arrasada pela Peste, os sobreviventes reuniram-se em uma nova sociedade. Separados do mundo exterior por uma cerca em pleno oceano, vivem em absoluto isolamento – aviões que se aproximam são abatidos; refugiados, executados. Até que um soldado escolhe romper com as regras e, em vez de disparar, resgata das águas uma menina. Seu nome é Adam Forde. Ele muda para sempre o curso da História. Anaximandra, uma jovem de 14 anos, estudou a fundo esses dados históricos. Numa sala com pouca luz ela está sentada diante de três Examinadores para uma exaustiva prova de quatro horas. Adam Forde, seu herói, morto há bastante tempo, é o tema do exame. Se aprovada, ela será admitida na Academia – a instituição de elite que governa aquela sociedade utópica. Anax, porém, está prestes a descobrir que nem tudo consta dos registros acadêmicos. Há fatos, imagens, arquivos a que nem todos têm acesso. Antes que a avaliação termine, virão à tona o obscuro segredo da Academia e a realidade assustadora daquele admirável mundo novo.

O impacto que as palavras desse livro proporcionaram foi tão intenso e deliberadamente inesperado que ainda sinto um certo choque. E creio que não passará tão cedo. Nem espero que o faça.

Gênesis possui essa típica premissa distópica, induzindo-nos a pensar que se trata de mais um livro YA contemporânea. Mas aviso que o autor sai dessa zona, trilhando um caminho tão audacioso quanto é assustador. 


Num ambiente como aquele, não era difícil para a República manter intacta sua estrutura. As pessoas obedeciam às ordens porque sabiam que estavam todas trabalhando em conjunto, focadas em uma ameaça comum, um mesmo inimigo. Mas o tempo passa. O medo se transforma em lembrança. O terror se torna parte da rotina; perde a força”.

A primeira cena é a jovem Anaximandra (nunca decorarei esse nome, desculpa Bernard), seguindo em direção à sala onde passará pelo maior teste de sua vida, acompanhada apenas por insegurança e pensamentos. Anax tem se preparado para esse momento há anos. Seu objetivo é ser aprovada para fazer parte da Academia, a elite de sua sociedade, considerado um sonho intangível. Na sala, há três examinadores que aplicarão um teste oral e as próximas três horas simplesmente definirão todo o resto de sua vida. Pressão, quem precisa?


Era um sentimento muito novo, muito estranho e muito frágil. Se o soltasse à toa no mundo, ele poderia dispersar-se”.

O interessante do livro é que todos os próximos planos narrativos se discorrerão à partir desse momento, sempre retornando à entrevista que Anax está enfrentando. As perguntas dos examinadores variam desde a criação da sociedade em que vivem, passando por importantes detalhes históricos que afetaram o mundo que existe agora. O curioso é que definições de ética e valores são muito bem ressaltados para cada "época", fazendo-nos entender o porquê da atitude do “governo” em cada momento da história abordado.


Anax nos conta sobre uma espécie de Peste que atacou ao mundo há muito tempo e como foi construída uma sociedade em um conjunto de ilhas, no meio do oceano. E para mantê-la erguida, toda e qualquer forma de aproximação externa era destruída com o intuito de manter a Peste afastada. 
Ou seja, embarcações ou aviões que tentavam se aproximar eram abatidos sem a chance de dar explicações. Isso se manteve por anos e para que o sistema não falhasse, duas pessoas eram mantidas em cada posto de vigilância. Caso teu colega hesitasse em atirar no alvo desconhecido, você teria de matá-lo em nome da prosperidade da República. Também descobrimos que os bebês sofriam uma espécie de catálogo e desde de pequenos já eram preparados para a função que exerceriam o restante da vida.

Você pode roubar minha vida, não minha mente”.

Porém, Anaximandra sempre teve um fascínio por um ponto específico da história. Adam Forde, o homem que mudou tudo. Adam é considerado por muitos "a grande falha" do sistema. Ele sempre teve uma personalidade mais forte, o que o pôs em vários problemas durante a vida, como, por exemplo, ter de ser um dos guardas a atirar em qualquer coisa oriunda do mundo além da cerca. Anax era impressionada com sua história por um simples fato: Adam, uma vez, salvou uma garota vinda de dentro de um barco ao invés de matá-la.


É o eterno problema que ocorre na criação de nossos heróis. Para fazer com que pareçam puros, temos de torná-los burros. O mundo é feito de compromissos e de incertezas, e um ambiente assim é complexo demais para dar a heróis”.

Lidando com toda a tensão dos olhares gelados de seus examinadores, Anax nos conta os detalhes antecedentes da história do mundo e de Adam e a que fim tudo isso levou. Uma coisa que chamou muito minha atenção no livro é a forma que o autor incrivelmente aproxima de nós tudo que é está sendo narrado, como se estivéssemos lendo um livro sobre Adam e não sobre Anax. E a maior particularidade desse livro é que: não temos certeza do que foi a verdade e do que é apenas o melhor palpite de Anax. Você nunca saberá se sua visão tanto de Adam quanto do restante dos personagens e descrições envolvidas é certa, pois nem Anax sabe. Eu achei esse detalhe fascinante e inquietante!

Não posso contar muita coisa a partir daqui. Apenas digo que Adam teve que enfrentar certas consequências pelas violações das leis. A partir de então, o autor aproveita para nos apresentar diálogos que vão desafiar seus conceitos. Você se pega envolvido em debates bioéticos que realmente valem a pena parar um pouco e pensar sobre, independente de qual teoria ou fé que você acredita. Nas últimas páginas você sente como se o autor tivesse te guiado sorrateiramente para um precipício e te empurrado. Como se a explosão de neurônios não tivesse sido suficiente. 

E por que não acreditar que todas as outras pessoas que você já conheceu usam exatamente o mesmo truque? Por que não acreditar que você é o único ser humano verdadeiramente consciente que já existiu?


A escrita do autor é calma e o ritmo do livro é lento, dando o devido espaço para que você absorva aos poucos as informações que vai lendo. Por isso, não leia se você quer ação, mas sim um desafio que exija um pouco de você e que surpreenda no final. Eu achei a escolha de capa muito proposital, pois ela te faz ignorar uma simples pergunta e quando você finalmente lembra-se dela, é tarde demais. Páginas suavemente amareladas e diagramação simples.

Um livro que recomendo ler alguma vez na vida, quando você querer ser testado. Darei quatro estrelas, pois o começo não foi tão envolvente. Mas o interesse cresce como uma bola de neve (a procrastinação também) e no final, você não consegue largar, tanto de inquietação quanto de choque.



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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Livros Entre Linhas: Os Portões


Nome do Mundo: Os Portões or The Gates.
Universo: Samuel Johnson
Do Mesmo Planeta:
2°: Hell's Bells (UK)
3°: ?
Dimensão: 304 páginas. 
Criador: John Connolly.
Data de Nascimento: 
BRA:  2013 / UK: 2009
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Bertrand Brasil.
Onde Obter: Saraiva - Submarino - Americanas
Relatório Completo: Skoob
Sinopse: Todo mundo acha que Samuel é um menino muito estranho: os professores não o levam a sério, a mãe o deixa de castigo por viver sempre no mundo da lua e o vigário da cidade foge quando o vê, ele faz perguntas muito difíceis!. Só Boswell, seu cachorro, o entende de verdade. Como se as coisas não pudessem piorar, uns vizinhos de Samuel resolvem mexer com forças ocultas, só por diversão, e acabam abrindo uma passagem transdimensional direto para o Inferno. Agora, dominados por entidades nada simpáticas, eles pretendem abrir os portões do Inferno e soltar os cachorros, ou melhor, demônios. As criaturas mais desagradáveis, repulsivas e más estão para invadir a Terra, e não virão sozinhas. Seu líder, um cara tão mau que é conhecido como Grande Malevolente, também quer participar da festa de destruição do nosso mundo.

HEY, FOLKS! Como andam as maravilhosas férias? Espero que tenham feito jus ao "maravilhosas". Hoje vim recomendar esse livro perfeito para quem quer dar umas risadinhas malignas ou sair do buraco negro da ressaca/tédio que talvez você tenha entrado.

Esse livro nos conta uma aventura que Samuel viveu, um menino de nove anos (ou por ai), cuja personalidade já indica traços de bizarrices (awn, identificação total!). Na escola, Samuel é uma Hermione-perguntadora, a ponto de usar filosofias para defender uma possível falta de criatividade (ou excesso, vamos ver o copo meio cheio) para fazer seu projeto e deixar professores loucos, (quem não gostaria?). 

Mas quando Samuel volta para casa, descobrimos que as coisas não são tão engraçadas. Samuel ainda não consegue lidar muito bem com o divórcio dos pais e com a ausência do pai. Muito menos sua mãe que ainda não aprendeu a dar atenção ao filho e o trata como se fosse uma constante fonte de problemas corriqueiros. Mas Samuel possui um amiguinho para compartilhar a pontada de dor que sente toda vez que olha para o carro do pai ainda estacionado na garagem, seu cachorro, Boswell, e cachorros inteligentes e fofos são sempre bem vindos.


"Os adultos dizem muitas coisas que, na verdade, não querem dizer, em geral, apenas para serem educados, o que não é ruim. Também dizem coisas que são exatamente o oposto do que parecem querer dizer, como:
1. “Para ser totalmente sincero…”, o que significa “Estou contando uma grande mentira”;
2. “Estou ouvindo o que você está dizendo…”, o que significa “Estou ouvindo, mas, na verdade, não estou escutando e, de todo o jeito, não concordo com você”;
e
3. “Não quero ser indelicado…”, o que significa “Quero ser indelicado”.

Existem pessoais que usam esses tipos de frases com mais frequência do que todas as outras e que se tornam muito boas em usá-los para evitar responder  a perguntas ou contar a verdade por completo. Essas pessoas são conhecidas como “políticos”.

Mas eis que um dia, Samuel volta para casa já mentalizando as torturas que passará na mão de sua babá malvada, (nota de rodapé-só-que-sem-rodapé: que me lembrou MUITO a Vicky dos Padrinhos Mágicos!). Porém, no caminho, Samuel espia o porão de seus vizinhos suspeitando de algo e descobre que eles, entediados, decidiram convidar uns amigos para fazer um ritual aleatório. O resultado? Eles apenas abriram uma passagem para o Inferno e alguns demônios já aproveitaram a oportunidade para sair e... arranjar novos corpos, se é que vocês entendem.





Agora, o problema de Samuel, além de ter vários demônios o perseguindo por ser o único a saber do perigo que o planeta corre, é fazer algum adulto acreditar em suas palavras. 

O livro é extremamente fluído e hilário de se ler. O autor deixa o nerdy que existe dentro de si florescer e isso gera várias piadas dentro de explicações físico-químicas sobre determinadas coisas totalmente aleatórias, mas interessantes (sim, e esse é o meu lado nerdy, desculpa sociedade). Você sabia que talvez haja partículas do Elvis vivendo em você? Apenas comento. Além do mais, ele brinca com temas obscuros e claro que nada menos sairia disso do que um espetacular humor negro sobre inferno e demônios. E até o final do livro você irá perceber que se apegou a um demônio muito malvadamente fofo, eu avisei! Apesar de tudo o livro não deixa de ser leve e por isso recomendo para qualquer faixa etária.

Acho que Os Portões pode ser comparado com Monstros S.A já que brinca com essa temática de coisas que tememos na infância (ou durante a vida inteira, afinal, que atire a primeira pedra quem não apaga a luz do banheiro e sai correndo), e transforma em algo gostoso e divertido, aproveitando o máximo da temática para criar elementos e personagens peculiares na construção da trama.

Como eu disse, perfeito para quem está entediado, afinal, acho muito melhor ler do que fazer um ritual para abri os portões do inferno! (Ao menos que seja para Nárnia, nessa caso podemos conversar). 

QUATRO POKEBOLAS, POIS NÃO ACHEI FOTO DE DEMÔNIOS TÃO FOFINHOS QUANTO O NURD. E UMA DICA, NÃO DEIXE PARA LER NO HALLOWEEN!


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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Livros Entre Linhas: Por Que Indiana, João?



Nome do Mundo: Por Que Indiana, João?
Único em Seu Universo.
Dimensão: 208 páginas. 
Criador: Danilo Leonardi
Data de Nascimento: 
BRA: 2014.
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Giz Editorial.
Onde Obter: Saraiva - Livraria Cultura
Relatório Completo: Skoob.
Sinopse: Você pode pensar que, aos quinze anos, João já deveria estar acostumado com provocações, apelidos e humilhações. Afinal, ele é um típico adolescente deslocado e tímido. Alvo perfeito para a ira dos valentões e para o desprezo das garotas. Mas sua vida muda completamente quando reage a um ataque de seu maior algoz. O golpe de sorte que derruba o valentão é gravado e vira hit na internet. João se vê finalmente admirado, respeitado e seguro. Mas tudo tem seu preço e João vai aprender qual o peso que suas escolhas podem ter não só sobre sua vida, mas sobre as vidas de todos ao seu redor.





Hey, pessoas usuárias de internet! Hoje venho falar sobre esse livro do conhecidíssimo Danilo do Cabine Literária que comprei na Bienal ano passado E CONSEGUI AUTÓGRAFO DELE E DA LÚCIA, MUARARA. ~voltando a forma quase humana~ Continue lendo enquanto tento vocês a descobrir Por que Indiana, João? (Mesmo que seu nome não seja João, isso não vem ao caso).


Se minha voz tivesse mesmo força igual à imensa dor que sinto, meu grito provavelmente ia acordar toda cidade”.

O livro trata sobre bullyingo poder da internet nos dias atuais (não soa brega assim no livro, prometo) e relacionamentos em geral. Tudo começa com João, o típico menino franzino que possui a vida dividida da seguinte maneira: de um lado há seus pais divorciados e que não lhe dão muita atenção. Do outro há o Ensino Médio, aonde já está totalmente familiarizado com colegas o atormentando, mas claro que isso não torna as coisas mais fáceis, pois sofrer bullying nunca é fácil, não importa a quanto tempo você passe por isso. E ainda nessa área, encontramos Guilherme, o principal vilão da vida de João (hahaha rimou hahaha), aquele mesmo clichê de menino valentão, bombado, com sua "gangue do perigo" e que namora a menina que João também gosta. E ainda há a sua vida online, onde ele pode ser quem realmente é e jogar vídeo game com amigos. Adicione um cenário que se passa em Minas Gerais e ai está a veia principal do livro.


Por que eu tenho que ser tão diferente? Eu queria ter os mesmos assuntos e as mesmas opiniões que todo mundo, mas eu não consigo”.

Muito bem, a vida seguia da mesma forma que sempre tem sido para João. Apanhar e ser desprezado na escola, além de ter de conviver com zero esperança de melhorar de situação, já que a coordenação da escola não faz nada a respeito. Aguentar a implicância dos pais separados, tanto em relação a ele quanto um ao outro. E ter como único consolo a maravilhosa internet. Bem, um dia a gota d'água pinga e durante mais um ritual de tortura de Guilherme, João o chuta bem naquele lugar em que não bate sol, movido por uma fúria que nunca tinha deixado extravasar dessa forma antes. O que ele não esperava era que um de seus amigos filmasse tudo e postasse no YouTube sem seu consentimento. E já que a sorte nem sempre ou quase nunca está a nosso favor, o vídeo viralizou e o João logo virou uma espécie de semi-celebridade, sendo chamado para entrevistas e etc. Muitas coisas acontecem a partir dai e João agora tem em mãos a chance de alertar o mundo sobre o que o bullying é, além de poder mudar o rumo trágico que é sua própria história. Mas toda ação possui uma consequência (ou várias, estamos na vida real e não em física), e João percebe duas coisas: 1° erradicar o bullying não será tão fácil quanto deveria ser e 2° a partir do momento em que você consegue uma vida, por assim dizer, você tem de lidar com os problemas que ela traz.


Quero me encontrar, mas não sei se consigo nem se posso. Vai ver que é assim mesmo e vai ser assim para sempre”.


Vamos lá. (Com lá quero dizer "continue lendo aqui). A história se inicia nos apresentando o clichê do clichê em relação a livros Young Adult que retratam sobre o bullying. Sem problemas, desde que o desenvolvimento deste convença de que o livro conseguiu ser mais que o esperado, e esse não foi totalmente o caso e explicarei o porquê.
No início, João nos conta certos acontecimentos pelos quais passou que deixa qualquer um que se põe no lugar chocado. Ele te faz sentir o circo de horrores que deve ser viver na pele de uma pessoa que possui tais marcas passadas e tem de espetá-las mais um pouco todo santo dia. E eu tive grande interesse em acompanhar o desenvolvimento do personagem, mas infelizmente, foi nesse ponto que o autor se embaralhou um pouco, o da construção de camadas dos personagens.


Ainda não sou adulto, mas sinto que preciso testar o mundo, testar os meus limites, me arriscar. Sim, hoje é um bom dia”.

Sim, o livro é curto, mas não é desculpa para os personagens terem sido todos planos. 
Há aqueles, como o valentão Guilherme, que despertaram meu interesse em querer saber mais sobre como suas mentes funcionavam, mas foi uma vontade frustada. Meus maior exemplo disso é em relação aos pais de João. Esse conflito familiar poderia ter sido bem mais explorado, porém, mal temos um final satisfatório. Tive a sensação que esse "problema" citar brevemente que João passava por problemas familiares. Mas concluindo  só foi criado para lista de desgraças na vida de João serem maiores. 


Eu sei como é quando tudo o que as pessoas conseguem ver são os seus defeitos, e eu não quero ser uma dessas pessoas”.

O autor dá uma pincelada em outros assuntos que seriam interessantíssimos vê-los abordados mais profundamente. Por exemplo, a influência que a mídia exerce hoje em dia em nossas vidas. Quando publicamos algo, muitas vezes não fazemos ideia sobre quem pode ter acesso àquilo e que estará permanentemente navegando por ai. E o autor poderia ter pesado mais sobre isso no livro, o que ajudaria muito no quesito "inovação que salva o livro do início clichê". 




Quando estou pensando nela, afasto todos os pensamentos ruins, com certeza de que depois eles voltam. Mesmo depois de tudo que aconteceu, continuo com um forte sentimentos de inferioridade, porque eu sinto que todos querem que eu seja algo diferente de mim mesmo”.

AGORA, vamos aquilo que salvou a nota do livro. A forma que a escola tratava os casos de bullying da escola, nula, assim como as cenas de descrições de agressão, é uma verdade bem incômoda e exatamente por isso não devemos apenas engolir. A escrita é, no minimo, a escudo da salvação. O Danilo escreve de forma fluída, usando um vocabulário extremamente urbano e isso faz seus olhos passaram pela história de forma rápida. E enquanto eu lia, eu SÓ conseguia imaginar a voz do Danilo narrando tudo e para mim, ele era o João e ponto final. 
Comparo essa leitura como um pulo na piscina em um dia quente: você salta, se refresca (que é o principal) e logo sai para fazer algo melhor. Rápido, simples e cumprirá a função se for isto que você está procurando. Um livro para sair da ressaca e não exige grandes esforços, talvez um estômago não tão mole. Apenas saiba aonde você está embarcando para não se decepcionar.


Acho que quando é para duas pessoas de darem bem, elas simplesmente se dão bem, sem nenhum esforço sobrenatural”.

AH SIM, AFINAL, POR QUE INDIANA, JOÃO? No momento em que o motivo do título é revelado, eu fiquei com o sentimento de "Hm, é isso?". Sim, faz sentido e é engraçadinho, mas again, não crie expectativas, porque não é nenhum acontecimento de parar o coração. 


Acho que uma parte de mim gostaria de voltar a ser do tipo que se esconde atrás de uma pilastra, mas não dá para ajudar alguém isolado no meu canto. Por isso, sei que é uma coisa boa, a certeza de que nunca vou me esquecer do Victor. Agora ele faz parte de mim e de cada pessoa que conhece a sua história. Quando fecho os olhos, quase posso ouvi-lo dizendo que algumas passagens são só de ida.”.

Três interrogações, porque minha primeira ideia de nota entregaria o segredo do título e prometi que permaneceria boazinha pelo menos esse começo de ano. (cof). Como mencionado, a escrita salvou essa nota, mas quero que vocês leiam sim e tirem suas próprias conclusões. 




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sábado, 3 de janeiro de 2015

Livros Entre Linhas: Os Mistérios de Warthia


Nome do Mundo: Os Mistérios de Warthia.
Universo: A Profecia de Mídria.
Do Mesmo Planeta:
2°: CADÊ?
Dimensão: 392 páginas. 
Criadora: Denise Flaibam.
Data de Nascimento: 
BRA: 2013.
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Novo Século.
Onde Obter: Submarino - Livraria Cultura -Americana
Relatório Completo: Skoob
Sinopse: Serafine Delay era uma garota comum... À sua maneira. Sua vida na sossegada Vila do Sol muda bruscamente numa noite, quando sua décima oitava primavera era festejada. Um ataque acaba forçando-a a fugir desesperadamente de monstros sanguinários e imbatíveis. Por algum motivo para lá de insano, tais criaturas queriam sequestrá-la! E enquanto mergulha de cabeça no universo mágico de Warthia e começa a entender a ligação de suas marcas com a história daquele mundo, Serafine descobre-se numa surpreendente situação: seu destino está traçado. Uma antiga profecia clama por seu espírito, e uma difícil jornada deve começar. Na companhia de um belo e rude espadachim, uma simpática garota de orelhas pontudas e um felpudo guerreiro belicoso, Serafine deve ingressar numa viagem de perigos desconhecidos, que se inicia no Norte daquele vasto continente, treinando para derrotar àquela que vem das Trevas para tudo devastar. Os Mistérios de Warthia devem ser desvendados, e Serafine é a única capaz de fazê-lo.

Muito bem, caros mochileiros que não acompanharam as minhas não-presenças ao longo de 2014, (nem eu não me acompanhei, risos risos). Já peço perdão caso a resenha fique confusa, pois digamos que passar semanas, vulgo meses, sem escrever acarreta prejuízos na hora em que a vergonha na cara retorna e a vontade de escrever aparece. (Ela sempre esteve presente, está bem?)


Vamos falar, (mentira, eu vou falar), sobre esse livrinho que vocês provavelmente já viram qual é logo acima. Os Mistérios de Warthia é um livro de fantasia nacional que, só para curiosidade dos meus fantasmas leitores, comprei na Bienal de São Paulo esse ano, hehe. (Mas não consegui autógrafo, enfim, para mais dramas vá ao meu twitter).



Enquanto cavalgava, sentindo o vento bagunçar seus longos cabelos, Serafine sorriu. Para ela, a sensação de liberdade era a maior dádiva.

Vou explicar a história, primeiramente, pois como eu disse, esqueci como se faz esse negócio de resenhar, digamos que não é como andar de bicicleta ou empunhar uma espada... não que eu saiba fazer ambos). Certo, Serafine é nossa protagonista criada num vilarejo pequeno, (e com pessoas, aparentemente, com a mente de mesmo tamanho), chamado Vila do Sol. Ela está para fazer seus 18 anos e até agora sua vida resumi-se em ser pacata e sempre ter de esconder as estranhas marcas espelhadas pelo contos com as quais nasceu, com medo de que as pessoas a achem anormal. Medo sempre relembrado pelos seus pais adotivos, pois foi deixada na porta dos dois quando era recém-nascida. Seraphine cresceu sem nunca passar necessidades extremas, é bonita, bem amada pela família e amigos, até que um dia, (nesta resenha, vocês irão conhecer 2 fatos sobre a desgraça e a primeira é que ela é iminente e a segunda é que, iminentemente, é igual ao primeiro), durante a sua festa surpresa, ocorre um ataque feito por uma espécie de alcatéia de lobisomens, matando pessoas que Serafine ama e deixando um caos o lugar que considera seu lar. O pior sobre tudo? Serafine não pôde nem ao menos fazer algo a respeito, afinal, ela é só uma humana medíocre.


Durante a festa, um dos lobisomens estava misteriosamente procurando por Serafine, dizendo que havia planos reservados para a garota. Por sorte, dois convidados estranhos acabam por defendê-la e, surpreendentemente, partem em uma viagem com a personagem. Serafine descobre do pior modo que é a escolhia de uma profecia que existe há séculos. E se por um acaso a sensação de Déjà vu começou a aparecer depois desse início, não se espante. Ela me acompanhou durante o livro inteiro, MAS VAMOS TENTAR CUMPRIR O DESAFIO IMPOSSÍVEL DE SER IMPARCIAL ATÉ A HORA CERTA.


Essa viagem é o coração do livro. É onde Serafine conhece Jarek e Ývela, dois de seus futuros guardiões, descobre o significado de seus marcas e também percebe o quão grande e variado é o reino em que vive. O destino dessa jornada é chegar a uma espécie de "cidade sagrada" onde se encontram as pessoas que a orientaram a entender e cumprir a profecia proferida a tanto tempo. Mas claro muita coisa pode acontecer nesse meio tempo e, por que não, depois disso.



- Não era um ser sombrio de coração. A forma como nascemos ou onde nascemos não influencia nosso futuro. Somos capazes de escolher nossos caminhos. Como você bem disse, não há só luz ou escuridão em uma criatura.

Well, well, vamos lá. O livro começou com um clima delicioso de série de aventura medieval. Parecia que a cada capítulo era um novo episódio. A escrita permanece fluída durante todo livro, e esse é seu maior ponto positivo. PORÉM, (sempre há porém's nessa vida, acostumem-se), conforme a história foi se desenvolvendo, você começa a prever os próximos acontecimentos muito facilmente, lê-se clichê. É a típica jornada do herói que nasceu predestinado a cumprir uma profecia X feita há muitos séculos, cujo mundo o tem aguardado pela mesma quantidade de tempo. Vocês já não viram isso antes? Outro ponto que me incomodou consideravelmente foi A Feiticeira, o antagonista da história. Afinal, se há uma profecia e um herói, tem que ter alguém para combater, certo? Certo. 


Compreendo que será uma série de quatro volumes e por isso perdoou as pouquíssimas explicações sobre sua pessoa. Mas até agora, pelo que nos é apresentado, ela é aquele ser que há muito tempo atrás foi derrotado e agora quer se reerguer para tentar dominar o mundo e o encher de trevas. Tudo bem, "wow, que malvada", mas eu queria algo mais dimensional. Queria um vilão com motivos para fazer o mal que pretende fazer. Não apenas uma figura que nasceu genuinamente má. Mas enfim, isso é uma opinião particularmente minha, O problema é que senti essa falta de camadas na construção da maioria dos personagens. E, pela narrativa ser em terceira pessoa, não houve como ignorar e colocar a culpa na protagonista por "ainda estar conhecendo os personagens". SIM, REPITO, tudo bem que é o primeiro da série e ainda há muita história pela frente, mas EXATAMENTE por ser o primeiro, a autora deveria nos cativar com os personagens (com tudo na verdade, mas okay), para acender a vontade de ir até o fim.

Outro ponto que quero comentar é a falta de uma dinâmica mais enérgica durante as cenas que precisam desse detalhe. Tenhamos em mente que o livro é um Jovem Adulto, gênero fantástico de clima medieval. Essa é uma combinação que sugere o que? "ACOMPANHE ALTAS AVENTURAS COM ESSA TURMINHA DA PESADA". Bem, ao menos é assim que soa na minha mente, e ponto. A autora se preocupa em nos fornecer uma certa riqueza de descrições de cenários, dos trajes dos personagens, expressões faciais e, fora a Serafine, qual o possível pensamento deles no momento, (o que deixa a dúvida do porquê escrita em terceira pessoa se não se aproveita de todas vantagens desse tipo de narrativa). Mas quando chega a hora dos diálogos e principalmente das cenas de ação, isso acaba sendo um pouco direto demais. A batalha das últimas páginas, por exemplo, foi uma decepção para mim. Não comentarei por motivos de spoilers, mas fiquem com o sentimento.



Serafine fechou os olhos, tetando desligar sua mente de todas as coisas confusas que vinham acontecendo desde o Ritual. Tentou focar sua atenção em outra coisa, como a água morna que parecia aconchegante ou como os sons vindos da cachoira que pareciam tranquilizantes. Da mesma forma que antes, podia sentir o poder vibrando em cada parte do seu corpo, ansiando por ser usado.

Sabem aquela mania desses livros que envolvem profecias e destino, os orientadores dos protagonistas nunca quererem contar NADA para eles, "porque ele entenderá quando a hora chegar"? Sim, irritante, mas super presente.

E como não falta na maioria dos livros, há o romance entre a protagonista e o homem-que-a-salva umas "poucas" vezes. Nada contra, mas houve momentos que revirei os olhos pela maneira típica com que tudo foi tratado. Aquela troca de olhares tímida, mas que faz a Serafina gastar um parágrafo comentando sobre como aquilo a fez corar, como ela nunca havia sentido isso antes... Não, por favor.

A diagramação é bem simples e eu adorei essa capa, os tons de verde e a cor amarelo alaranjado da ave conversam muito bem entre si. E os começos de capítulos são uma graça. Há alguns errinhos de revisão, mas nada grave.


Pois bem, mochileiros. Os Mistérios de Warthia é o primeiro livro da Denise (se não me engano) e acho que no geral ela fez sim um bom trabalho. Eu enxerguei muito potencial em sua escrita, que como já disse, possui uma fluidez muito boa e não há aqueles momentos em que o autor parece perdido ou em conflito quanto ao que focar. Não, ela se saiu muito bem nesse aspecto. Vou continuar com a série, pois quero conhecer mais da história de Ývela, uma das guardiãs e até agora minha personagem preferida, e do coelho guerreiro Guillian e claro, ver a evolução tanto da escrita quanto da história. Além do mais, a experiência de ler um livro nacional/não-traduzido, ou seja, as exatas palavras do autor é muito agradável e sou do time que luta para que os nossos escritores tenham seu lugar ampliado no mercado nacional, afinal, SOMOS BRASILEIROS, LUTE PELAS COISAS QUE VALEM A PENA NO PAÍS! (tantas outras coisas que poderia a falar a respeito, mas polpar-lhe-ei-os).



De nota, três coelhinhos bem fofinhos e nem um pouco letais, vulgo Guillian, só que não. 



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