segunda-feira, 28 de abril de 2014

Livros Entre Linhas: O Garoto no Convés


Nome do Mundo: O Garoto no Convés
Único em Seu Universo.
Dimensão: 496 páginas.
Criador: John Boyne
Data de Nascimento: 
BRA & US: 2009.
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Cia. das Letras.
Onde Obter: Saraiva - Submarino - Livraria Cultura PDF 
Relatório Completo: Skoob.
Sinopse: Em abril de 1789, semanas após concluir no Taiti uma curiosa missão com fins botânicos - coletar mudas de fruta-pão para alimentar os escravos nas colônias inglesas -, o navio de guerra britânico HMS Bounty foi palco de uma revolta de parte da tripulação contra o capitão William Bligh, que acabou deixado à própria sorte em um bote em alto-mar junto com os marinheiros ainda fiéis a seu comando. Sem provisões e instrumentos de navegação adequados, o grupo enfrentou 48 dias de duras provações até alcançar a costa do Timor. O episódio inspirou numerosos livros e filmes.
Neste livro, a história da expedição é narrada do ponto de vista de John Jacob Turnstile, um garoto de Porstmouth, sul da Inglaterra, que sofre abusos de toda sorte, inclusive sexuais, no orfanato e pratica pequenos furtos nas ruas da cidade. Detido pela polícia após roubar um relógio, é salvo pela própria vítima do roubo quando esta lhe faz uma proposta: em vez de ficar encarcerado, embarcaria no HMS Bounty para passar pelo menos dezoito meses como criado particular do respeitado capitão Bligh. Turnstile aceita a barganha, planejando fugir na primeira oportunidade. Mas a rígida disciplina da vida no mar e uma relação cada vez mais leal com o capitão transformarão sua vida para sempre. É pela voz desse adolescente insolente e sagaz, mas ao mesmo tempo frágil e ingênuo, que o leitor acompanhará uma viagem repleta de intrigas, tempestades instransponíveis, cenários exóticos e lições de lealdade, paixão e sobrevivência. 
O autor acrescenta novos dados e interpretações a uma história até hoje misteriosa. Sugere, por exemplo, que a receptividade sexual das nativas do Taiti pode estar na origem da insatisfação que resultou no motim. Seduzidos - ou, no caso de Turnstile, iniciados - por elas, os marujos teriam considerado intolerável a idéia de retornar para casa, o que os colocou em linha de colisão com o capitão. 

Ah, imaginem o mais extremo relacionamento de amor e ódio? Boyne me fez sentir isso com sua escrita nesse livro, mas por sorte, aqui se aplica o final feliz depois da discussão.

Sei que não é muito interessante, mas minha história com esse livro é bem conturbada, tanto que passei três meses me negligenciando a lê-lo de tão decepcionada que este me deixou. Enrolei semanas para chegar até a página 50 e depois de um "quase abandono", criei MUITA perseverança e consegui terminar. E mesmo com todas as reviravoltas de olhos, bufadas de tédio e raiva, no final entrei num acordo amigável de "valeu a pena". Pronto, acaba aqui a parte não-tão-interessante, desconsiderando o resto da resenha.

Diga-se de passagem, as sinopses dos livros do Boyne nunca são tão conquistadoras, mas eu sempre confio na certeza de esse adjetivo traduza perfeitamente suas obras. Não posso mentir que por um bom tempo, 150 páginas para ser mais exata, eu pensei que O Garoto no Convés seria a exceção mais infeliz para esta "regra". Também não vou esconder que até então, foi seu primeiro livro que não me envolveu de cabo-a-rabo, mas por fim, eu pude encontrar pitadas-de-Boyne.




"Você tem vida mansa em comparação com alguns e precisa aceitar esses momentos e seguir adiante sem rancor. É isso que transforma um menino num homem do mar."

Okay, vamos deixar a enrolação para a Rapunzel (podem me processar por danos causados pelas piadas ruins... ou pela resenha toda de uma vez), and go to story: John Jacob Turnstile (o nome completo é repetido tantas vezes que tenho certeza de algum dia vou escrevê-lo no lugar do meu, enfim), é uma garoto de 14 anos, e assim como muitos outros, vaga pelas ruas de Porstmouth, Inglaterra, trabalhando arduamente em seus serviços de bater carteiras e surrupiar objetos de valor. Órfão desde que se conhece por gente, John não conhece outro mundo a não ser aquele que o dono de um frequentado estabelecimento lhe pôs, exigindo sempre esse tipo de "gratidão" como forma de pagamento por tê-lo tirado da sarjeta. Conforme foi crescendo, esse dono ainda exigiu que John deixasse ser abusado sexualmente por diversos homens ricos que secretamente iam até lá e pagavam pelos "serviços". 

Por mais que a vida de John contenha temas pesados, ainda mais considerando a data em que a história passa, meados de 1787, esse é apenas o contexto da vida do protagonista no momento em que o conhecemos. Certo, eis que um dia, o pobre Jacob é pego roubando o relógio de bolso de um rico, e como punição recebe uma proposta: passar mais de um ano sem ver a luz do sol na cadeia, ou embarcar na marinha Inglesa como criado do capitão Bligh, rumo a uma remota ilha no Pacífico, onde a missão é recolher frutas-pão para alimentar os escravos. 



"Nada melhor que o arrependimento e os pedidos de desculpa, mas certas coisas que acontecem na vida de um pessoa ficam tão impressas na memória e tão gravadas no coração que é impossível esquecê-las. São como um ferrete."

Nosso John, obviamente, decide virar marinheiro, mas sempre pensando em como poderá fugir. Mas o fato de ter de passar meses em alto mar risca qualquer plano que tenha figurado. E aqui faço uma ressalva de COMO FOI EXTREMAMENTE MAÇANTE O AUTOR TENTAR DESCREVER MINUCIOSAMENTE CADA DIÁLOGO, PASSO E MINUTO DO INÍCIO DA VIAGEM! EM CAPS, POIS MEU DESESPERO FOI DE TAL AGONIA QUE SÓ GRITANDO PARA DESCREVER. Há muita coisa que o autor poderia ter enxugado sem perder conteúdo ou deixar de ser fiel a seu objetivo: retratar o motivo que ocasionou o motim que até hoje prossegue sendo um mistério. Sinceramente, bons 30% do livro foram desnecessários a meu ver, perdendo o foco várias vezes.

PROSSEGUINDO, depois que todo o tédio que acompanha tanto tripulação como o leitor, o livro começa a tomar um ritmo mais forte, e mesmo que já para o final, realmente nos prende e convence de que valeu a pena aguentar e chegar até lá. Acompanhamos a trajetória e pensamentos de John ao longo de dois anos, desde os dias cansativos do navio, suas estadias nas ilhas e, depois do motim, a situação trucidante que tem de enfrentar até o porto mais próximo da Inglaterra. Com a narrativa em primeira pessoa, sentimos de perto John deixar de ser um menino das ruas e se tornar um "homem do mar". Vemos que por trás de toda pompa de "Marinha Inglesa, a melhor do mundo", a elegância do título morre no mesmo, ao começar pelas difíceis condições no próprio navio, e no final, todos os tripulantes são homens repletos de vícios, superstições e, em sua maioria, com comportamento de cachorros no cio.


"Os ricos sempre consideram ignorantes os garotos como eu, mas às vezes demonstram ignorância igual ou maior, se bem que de outro tipo."

O livro me ensinou muito sobre o que é lealdade e legado, e até onde você é capaz de ir e situações que tem que a coragem de passar, tendo como método de decisão sua fidelidade. Consequentemente, percebi que o próprio significado de traição vária muito de pessoa, mesmo algumas vezes sirva de desculpa para agir erroneamente sem ter que enfrentar consequências. As sensações que o livro me passou durante a estadia da tripulação nas ilhas foi tão vívida que me senti parte da vegetação (yeah, acabei de falar que por um momento fui uma árvore), e depois quase morri como naufraga junto do restante dos "fieis". Não tem como deixar de sentir algo vendo a amizade desenvolvida entre o capitão Bligh e seu criado John, que descobriu possuir um dom para cartografia graças as observações que fez na cabine de Bligh. Além de criar uma profunda admiração ao fato do capitão manter fidelidade com o seu casamento, e mesmo sabendo que seria impossível enviar cartas, continuar a escrevê-las destinadas a sua esposa.


"Parece que ela lê romances, sir, coisa bem pouco recomendável. E tinha uns modos, não sei como dizer. Modos de gente experiente."

QUASE ACABANDO, STAY STRONG! O autor nos mostra as várias facetas das personagens. O famoso capitão Bligh é um exímio exemplo quando o assunto é determinação e lealdade, porém não deixa de ter seus preconceitos e raivosos momentos. O mesmo se aplica as variedades que apresenta cada membro da tripulação e por mais que no início do livro eu me confundia com os nomes dos tripulantes, ao terminá-lo, me senti próxima de vários deles, dos seus medos, passado, angustias e desejos futuros.

Concluo que acho mais adequado ler este livro quem se interessa por romances históricos, não ligue de consultar VÁRIAS vezes ao dicionário, e tenha tempo ou paciência para encarar as dificuldades que eu tive com o começo. Mas no final se mostra totalmente satisfatório.


"Mas, entre cada um deles, não havia senão longos e maçantes dias e noite a vogar, com tempo às vezes bom, às vezes ruim, com uma gororoba insossa para comer e na companhia de gente que não instigava a imaginação nem o intelecto." (This is school).


O final realmente salvou o livro, mas eu tive que considerar o sofrimento do início. É como se cada metade tivesse sido escrito por escritores diferentes. Mas aqui está 3 Bountry's toscos para representar a nota e dói dizer que este livro não mostra Boyne em sua melhor forma, mas vale a pena se você é fã do autor.



"As águas daquela região eram de um azul curioso, com uns tons esverdeados tingindo duas profundezas e um rolo negro que aparecia de quando em quando para acrescentar mais uma cor ao arco-íris. Ao comtemplá-las, eu me senti arrebatado como o sr. Fryer na ocasião em que o surpreendi perdido em devaneios e olhando para o mar. Concentrando-me, descobri que podia ver o meu reflexo na água e, quando mergulhava a mãe para agutá-lo, meus olhos, minha boca, meu nariz e minhas orelhas se fragmentavam num caleidoscópio de Turnstile, espalhando-se em todos os pontos cardeais até aque a atração mútua fosse demasiada e a água se estabilizasse, tornando a unir ante os meus olhos os cacos da minha fisionomia."




FIND ME:
bia_fbastos@hotmail.com
http://bf-bastos.blogspot.com.br
| | |
Goodreads
Instagram |
Copyright © 2013 | Design e C�digo: Amanda Salinas | Tema: Viagem - Blogger | Uso pessoal