Nome do Mundo: 1984.
Único em seu Universo.
Dimensão: 416 páginas.
Criador: George Orwell.
Data de Nascimento:
BRA: 2009. / US: 1950.
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Cia. das Letras.
Sinopse: "1984"
não é apenas mais um livro sobre política, mas uma metáfora do mundo
que estamos inexoravelmente construindo. Invasão de privacidade, avanços
tecnológicos que propiciam o controle total dos indivíduos, destruição
ou manipulação da memória histórica dos povos e guerras para assegurar a
paz já fazem parte da realidade. Se essa realidade caminhar para o
cenário antevisto em 1984 , o indivíduo não terá qualquer defesa. Aí
reside a importância de se ler Orwell, porque seus escritos são capazes
de alertar as gerações presentes e futuras do perigo que correm e de
mobilizá-las pela humanização do mundo.
The Big Brother is watching you.
1984 é um livro que eu recomendo a todos, mas ao mesmo tempo nem todos estão preparados para ler. Na década de 40, o brilhantismo de George Orwell o fez imaginar como seria o futurístico mundo de 1984. Mal sabia ele que sua obra basicamente traduziria a realidade das seguintes gerações, encaixando-se muito bem no contexto do século XXI. Essa ficção científica é mais real que a diversão em futilidades que querem que acreditemos hoje em dia.O mundo agora é dividido em três grandes continentes, Oceânia, Lestásia e Eurásia. Todos os lugares são cercados de teletelas, mini TVs que transmitem a mídia manipulada pelo Partido ao mesmo tempo em que mantém todos vigiados o tempo inteiro. O passado pode ser alterado de acordo com os interesses do governo. Quem não aprovar é morto e tem seus registros excluídos como se nunca houvesse nascido. Bem amigável, não? Agora quem controla o mundo é o Grande Irmão e tudo o que ele diz é a verdade unânime e imutável. Eu achei incrível a ideia de como o autor não revela se ele é uma pessoa física ou não, deixando a hipótese de talvez não passar de um ícone imortal para manipular os proletas com "suas" palavras.
“Guerra é Paz, Liberdade é Escravidão, Ignorância é Força. [...] Tirou do bolso uma moedas de vinte e cinco centavos. Ali também, em letras minúsculas e precisas, estavam inscritos os mesmos slogans, e do outro lado da moeda via-se a cabeça do Grande Irmão. Até na moeda os olhos perseguiam a pessoa. Nas moedas, nos selos, nas capas dos livros, em bandeiras, em cartazes e nas embalagens de cigarro - em toda parte. Sempre aqueles olhos observando a pessoa e a voz a envolvê-la. Dormindo ou acordado, trabalhando ou comendo, dentro ou fora de casa, no banho ou na cama - não havia saída. Com exceção dos poucos centímetros que cada um possuía dentro do crânio, ninguém tinha nada seu. ”
Igualmente seu oponente Emmanuel Goldstein, o inimigo de todos que apoiam The Big Brother, ao mesmo tempo que talvez não passe da imagem da revolução para quem quer se arriscar a enfrentar a opressão descarada ao mesmo tempo que omitida. Abaixo dele há os tipos de Partidos, parecido com os deputados. E na parte administrativa, foram criados os Ministérios; o da Paz cuida do avanço das guerras, o do Amor mantém sob torturas e ameaças aqueles que apresentarem pensamentoscrimes, tudo aquilo considerado não-aceitação da nova realidade imposta pelo Grande Irmão. O da Verdade é responsável pelas novas mentiras contadas para substituir as antigas e por fim o da Pujança que administra rigorosamente a distribuição de alimentos garantindo a escassez universal. Os proletas representam a população, a maioria ignorantes e indiferentes com os problemas. E para exterminar qualquer possibilidade de pensamentos revolucionários foi criado a novafala. Diferente dos outros idiomas, ela diminui no lugar de se enriquecer, afinal, quanto menos palavras, menores as chances de formular pensamentos e muito menos planos ou ideias. O que isso tem a ver com o mundo atual? Quem sabe o internetês com seus "vc, pq, msm" não seja tão inofensivo assim. Um mundo montado para que reste apenas a raça humana presa em uma perfeita escravidão inconsciente. Você é obrigado a amar o Grande Irmão, afinal, como não fazê-lo?
”Hoje, porém, não havia como sentir um puro amor ou puro desejo. Nenhuma emoção era pura, pois tudo estava misturado ao medo e ao ódio. ”
“Enquanto eles não se conscientizarem, não serão rebeldes autênticos e, enquanto não de rebelarem, não têm como se conscientizar. ”
Não posso entrar em mais detalhes para não contar spoilers. O que mais me chocou no final do livro foi ao contrário que as distopias atuais mostram, de que é possível obter sucesso "se todos trabalharem juntos e em equipe", 1984 simplesmente extermina qualquer chance de final feliz. É a verdade crua e nua. Assim como Orwell foi capaz de desmascarar a camuflagem dos opressores, ele também mostra que resistir é tão inútil quanto o lema de manter a esperança. Por isso aconselho essa leitura em um momento feliz, pois retirar qualquer resistência ou melhora da perspectiva da nossa sociedade pode causar um pouco de depressão. Sim, a história tem peso para mudar pensamentos.
A escrita de George é o que mais impressiona. Sua narrativa forte e intensa é capaz de deixar mentes fracas em frangalhos. Possui todos os ingredientes que um ótimo livro precisa. Eu me senti hipnotizada ao mesmo tempo em que horrorizada pela sua narração em terceira pessoa. Esse livro quebrou minha zona de conforto a cada final de capítulo. É preciso estar preparado para entender o jogo psicológico, mesmo sendo viciante e totalmente instigante e ter cabeça e estômago para aguentar e absorver seu conteúdo.
Cinco estrelas e entrada nos favoritos é menos que o justo. Por isso, fiquem com 1x5 imagens polêmicas para refletir.
FIND ME:
