segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Livros Entre Linhas: Delírio


Nome do Mundo: Delírio
Universo: Delírio
Do Mesmo Planeta:
2°: Pandemônio
3°: Requiem
Dimensão: 352 páginas.
Criadora: Lauren Oliver
Data de Nascimento: 
BRA: 2012. / US: 2011.
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Intrínseca.
Onde Obter: Saraiva - Livraria Cultura PDF
Relatório Completo: Skoob.
Sinopse: (Já aviso que há spoilers indecentes nessa sinopse) Muito tempo atrás, não se sabia que o amor é a pior de todas as doenças. Uma vez instalado na corrente sanguínea, não há como contê-lo. Agora a realidade é outra. A ciência já é capaz de erradicá-lo, e o governo obriga que todos os cidadãos sejam curados ao completar dezoito anos. Lena Haloway está entre os jovens que esperam ansiosamente esse dia. Viver sem a doença é viver sem dor: sem arrebatamento, sem euforia, com tranquilidade e segurança. Depois de curada, ela será encaminhada pelo governo para uma faculdade e um marido lhe será designado. Ela nunca mais precisará se preocupar com o passado que assombra sua família. Lena tem plena confiança de que as imposições das autoridades, como a intervenção cirúrgica, o toque de recolher e as patrulhas-surpresa pela cidade, existem para proteger as pessoas. Faltando apenas algumas semanas para o tratamento, porém, o impensado acontece: Lena se apaixona. Os sintomas são bastante conhecidos, não há como se enganar — mas, depois de experimentá-los, ela ainda escolheria a cura?.

Não é um trocadilho, prometo, mas esse livro me fez delirar!

Como toda distopia, houve uma grande guerra no passado e agora as novas imposições do governo são mais duras e as punições mais severas. O que aconteceu? Havia pessoas que acreditavam no amor e outras que achavam que a humanidade não ia para frente por causa dele. E esse segundo lado foi o vitorioso. O resultado a sinopse já diz: O amor foi considerado uma doença, a pior e mais infecta. Ele faz as pessoas cometerem loucuras. Ele faz as pessoas sentirem o passar do tempo de maneiras diferentes. Ele mexe com seu cérebro e faz seu raciocínio deixar de se lógico. A necessidade pela pessoa amada passa a ser uma obsessão. E como num par opostamente proporcional, uma pessoa incapacitada de amar, também considera o ódio algo imundo.


"Eu dizia que sem o amor, poderia também não existir ódio, nenhuma violência. - Ódio não é a coisa mais perigosa, - ele havia dito. - É a indiferença."

Sendo assim, foi feito até o impossível para erradicar essa doença conhecida como amor deliria nervosa (breguinha, eu sei). Depois de todos os bombardeios, tiroteios etc etc, quem o considerava fatal permaneceu em cidades, agora cercada com cercas elétricas de altíssima voltagem. E quem continuava a acreditar no amor, obviamente, foi para o outro lado da cerca, conhecido como Terras Selvagens.


“É tão estranho como a vida funciona: você deseja alguma coisa e você espera e espera e sente que está levando uma eternidade para acontecer. Então acontece e acaba, e tudo que você quer é voltar atrás no momento antes das coisas mudarem.”

Com o passar dos anos, muitos mitos foram criados em cima disso. As crianças do lado de dentro da cerca eram educadas para que acreditassem que quem é de fora não é considerado humano, e sim um animal selvagem primitivo. Como a "vacina" só poderia ser aplicada quando a pessoa completasse 18 anos, ela passava a infância e a adolescência inteira sendo vulnerável e por isso era a faixa etária que mais sofria com as regras. As salas de aula eram divididas pelo sexo da pessoa e ela/ele não podia ter qualquer tipo de contato com não curados do sexo oposto. Havia toque de recolher com direito há vários guardas espalhados por toda cidade, que podiam de intervir da maneira que acharem necessário. Finitas músicas, sites, filmes e livros foram proibidos e caso você quisesse ter acesso a coisas do tipo, havia apenas uma lista específica do conteúdo permitido. Os telefones tinham rastreadores de palavras chaves, caso você converse sobre assuntos proibidos. A vigilância era constante. De vez em quando havia inspeções onde você tinha de abrir a porta da sua casa para seguranças e deixá-los mexer onde julgavam necessário. 


“Eu acho que estava prestes a acontecer eventualmente. Eu sempre soube que estava. Todos em quem você confia, todos em quem você acha que pode contar, acabarão por decepcioná-lo. Quando deixado à própria sorte, as pessoas mentem, guardam segredos, mudam e desaparecem, alguns por trás de uma névoa densa da manhã além de um penhasco. É por isso que a cura é tão importante. É por isso que precisamos dela.”

E Lena, como muitos outros, foi criada para acreditar que tudo aquilo era para sua segurança, fazendo-a pensar que enquanto não tomar a vacina, algo imoral, cruel e sujo habitava nela, fazendo-a contar os dias ansiosamente da sua intervenção, para depois seu coração sempre bater em um ritmo constante, nunca mais dor ou sofrimento. Nunca mais felicidade ou prazer. Nunca mais amar.




“Algumas vezes sinto como se houvesse duas de mim, uma brigando diretamente com a outra para assumir o controle: o meu eu superficial, que assente quando deve assentir e diz quando deve dizer, e a outra parte profunda, a parte que se preocupa e sonha. Na maior parte do tempo elas se movem em sincronia e eu dificilmente noto a diferença, mas algumas vezes parece que há duas pessoas diferentes dentro de mim, e que eu posso me partir a qualquer segundo.”

Todos quando estavam perto da intervenção, deveriam fazer um teste para avaliarem o quão disciplinado você é e de acordo com sua nota, escolheria quem seria seu futuro marido ou esposa. E todas suas dúvidas em relação a seus sentimentos, seu futuro, todas suas incertezas sobre o que era certo ou errado, até mesmo os dilemas comuns da idade, enfim, diziam que TUDO isso iria ficar claro depois de ser curado. Depois de as emoções pararem de atrapalhar seu raciocínio.


“Aprendi a ficar realmente boa nisso - dizer uma coisa quando estou pensando em outra coisa, agir como se estivesse ouvindo quando não estou, fingir estar calma quando na verdade estou surtando. É uma das habilidades que você aperfeiçoa quando cresce.”

E eu nem mencionei as Criptas: caso desconfiassem que mesmo depois de tomar a vacina, você continuasse a acreditar no amor ou se pegassem duas pessoas não curadas juntas ou qualquer outra coisa que considerem crimes, as pessoas eram levadas para essa espécie de hospital/hospício/prisão, onde a palavra tortura e descaso soam mais suaves que a palavra amor.

"Uma das estranhas coisas sobre a vida é que ela vai trepidar, cega e óbvia, mesmo quando o seu mundo privado - sua pequena esfera entalhada - estiver girando e se transformando, até se partir. Um dia você tem pais, no dia seguinte você é órfão. Um dia você tem um lugar e uma trilha. No dia seguinte você está perdido em um deserto. [...] Você se dá conta que a maior parte disso - vida, o implacável mecanismo da existência - não é sobre você. Não inclui você em nada. Vai continuar em frente mesmo depois de você ter pulado da beirada. Mesmo depois de você estar morto."

Lena, em especial, possui um passado conturbado. Seu pai morreu quando ainda era bebê e sua mãe cometeu suicídio quando tinha sete anos. O motivo? Ela estava indo para quarta intervenção, já sem anestesia, e ninguém conseguia fazê-la parar de amar e acreditar. Todos ao seu redor a viam como uma doente infecta. E antes se se tirar da beirada, a mãe de Lena sussurrou para ela que a amava e nada tiraria isso delas. Numa sociedade dessas, imaginem como Lena se sentia. E o pior, ela sabia que todos os momentos bons que passou junto com sua mãe e irmã, foi devido a essa anomalia.


“Tudo acaba, pessoas seguem adiante, elas não olham para trás. É assim que deve ser.”

Como é de se imaginar, e CLARO que Lena falls in love. E analisando bem, o livro não é nada mais que uma história de amor proibido à la Romeu e Julieta (que aliás, é citado no livro). E tirando todo o lance da distopia, é sobre o primeiro amor de dois adolescentes. Mas o que faz esse livro ser tão bom? A tensão das palavras. Vejam bem, onde Lena mora TUDO é proibido, ser você mesmo é proibido, qualquer coisa que você fazer que não exija ser um robô é punível, Lena tinha até medo de pensar demais. Eu devorei esse livro em poucas madrugadas, pois queria ler sempre mais para descobrir se tudo vai dar certo ou se eles vão se ferrar de uma vez. Eu queria ler cada vez mais rápido para essa preocupação se esvaziar de uma vez, ao mesmo tempo em que sabia, eu sentia, que a cada linha isso só aumentava.

"Às vezes eu sinto que se você apenas assistir as coisas, simplesmente sentar-se quieto e deixar que o mundo exista na frente de você - às vezes eu juro que só por um segundo, o tempo congela e o mundo faz uma pausa em seu giro. Só por um segundo. E se você, de alguma forma encontrasse uma maneira de viver aquele segundo, então você viveria para sempre."

A cada festa com música proibida que Lena e Hana, sua BFF, iam. Cada vez que Lena estava perto de Alex, sim o carinha, e mesmo ele tendo a marca da vacina em seu pescoço, o medo que ela sentia se de repente alguém aparecesse é tão forte que as palavras do livro introduzem isso em você. E quando o jogo se abriu entre eles e começaram a namorar, casa encontro escondido, cada vez que todos matavam o toque de recolher, ou fugiam para não serem pegos. É pura adrenalina o livro inteiro. Sem contar que a escrita de Lauren é bem filosófica, não do tipo irreal, mas que transcreve sentimentos e pensamentos íntimos seus, diálogos que acredito todos terem consigo mesmo de vez enquanto.

"Aquele que salta para o céu pode cair, é verdade. Mas ele pode também voar."

Além disso, ignorando a parte melosa, Lena sentia medo de sentir e o amor era só o termo geral. E aos poucos, com Alex revelando segredos, tanto os dele quanto os pobres do governo, Lena começa a ver que a vacina foi criada por pessoas que sentiam medo, medo da dor. Elas só jogaram a culpa do amor, afinal, um não existe sem o outro. (Será mesmo? Hm.) E EU PRECISO FALAR DESSE FINAL: O livro tinha tudo para ser volume único. Não consegui deixar a sensação que a autora não o concluiu para fazer uma trilogia, e também poderia ser no máximo dois volumes. Mas deixando isso de lado, esse final simplesmente me matou. Claro que não darei detalhes. Mas inconformada é pouco para descrever o estado em que Lauren me deixou.

“Estou cheia de pessoas agindo como se esse mundo, esse outro mundo, é o normal, enquanto eu sou a aberração. Não é justo: como se todas as regras tivessem mudado de repente e alguém se esqueceu de me contar.”

Por hoje é só, galerinha. Se as notas fossem medidas em vacininhas, Delírio levariam 5 agulhadas! Pois, apesar de tudo, eu estava em busca de um livro que me fizesse sentir fortes sensações, e as que esse livro passa se compara com uma descarga elétrica.

"Eu prefiro morrer do meu jeito a viver do seu."



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